Ouro no Rio, Robson busca se aproximar do título mundial no boxe
O pugilista Robson Conceição, 29, está concentrado e convicto de que vai atingir a meta que traçou para o seu futuro no boxe. O ambicioso desafio é chegar ao título mundial da categoria super-pena (até 58,97 kg), agora como profissional.
Após tentativas fracassadas de sucesso nas Olimpíadas de Pequim-2008 e Londres-2012, Robson arrebatou a medalha de ouro na Rio-2016, o sonho de todos os amadores, mas que poucos alcançam. No caso, tratou-se de conquista inédita do Brasil na história olímpica do boxe, fato que tornou a façanha ainda mais especial.
Como amador, também obteve uma prata e um bronze, respectivamente, nos Mundiais de 2013 e 2015. Sagrou-se ainda campeão mundial militar.
A consagração no Rio, no entanto, não o acomodou. Empolgou-o a tal ponto que, logo após o final dos Jogos, buscou a profissionalização. Passados dois anos, ele acumula oito vitórias, cinco delas por nocaute, nas lutas que disputou como profissional.
Robson sobe no ringue para nova luta no próximo sábado (25). Acompanhado pelo técnico Luiz Dorea, já faz a preparação final em Glendale, Arizona, nos Estados Unidos, o local do combate. O cartel do oponente, o americano Edgar Cantu, não assusta com os registros de sete vitórias (uma por nocaute), quatro derrotas e dois empates.
Cantu chegou a ser cogitado como o adversário de estreia para Robson, mas após sofrer três derrotas em curto espaço de tempo, a cartolagem o afastou de lutas por seis meses para recuperação.
Como no boxe qualquer vacilo é risco suficiente para uma derrota, pois a maioria dos lutadores bate forte, independente da condição física e técnica do momento, Robson não se descuidou.
Antes da viagem, cumpriu árdua rotina de treinamento em Salvador (BA), sob as orientações do técnico Dorea, um mestre de campeões, entre os quais o consagrado Acelino “Popó” Freitas.
Atento sobre as chances de surpresas durante lutas, o pugilista baiano dedica atenção a outros detalhes do boxe. Um deles, Robson percebeu logo. Como profissional, ele tem seus adversários definidos previamente, com semanas ou meses de antecedência, fato que permite estudá-los com maior precisão.
No amadorismo, a situação era diferente. As lutas aconteciam em sequência, em torneios, com pouco tempo entre uma e outra.
A última vitória, em 30 de junho, em Oklahoma City, Robson nocauteou no terceiro assalto o equatoriano naturalizado americano Gavino Guaman. Uma curiosidade: todos os demais combates também foram longe de casa, nos Estados Unidos (Las Vegas, Los Angeles, Nova York, Tucson, Reno e Filadélfia), e no estado associado de Porto Rico (San Juan).
Carreiras de sucesso no boxe não despontam de improvisos, exceto em casos excepcionais. Tudo costuma ser planejado. Um lutador novato, com potencial, nunca é exposto diante de um oponente consagrado, perigoso, nos primeiros desafios.
Apesar de invicto, mas com poucas lutas, Robson ainda não alcançou ranking de nenhuma das grandes organizações internacionais da modalidade. O plano prevê mais quatro combates este ano, uma meta difícil. No ano que vem, a escalada poderá ganhar impulso e posição em ranking rumo a um ansiado confronto pelo título mundial.
Robson tem contrato com a Top Rank Boxing, prestigiada e poderosa empresa promotora internacional de lutas de boxe. Também conta com um representante no Brasil, Lucas Gomes, que o ajuda na divulgação da carreira.
Outros pugilistas brasileiros seguem trilha semelhante, passos à frente. Os irmãos Falcão, Esquiva e Yamagushi, prata e bronze em Londres-2012, respectivamente, também optaram pelo boxe profissional. Ambos ocupam o oitavo lugar em rankings: Esquiva no da Associação Mundial de Boxe, e Yamagushi, no do Conselho Mundial de Boxe.
Atletas olímpicos almejam o boxe profissional mesmo desfrutando do sucesso provocado por medalhas. Acontece que elas não enchem a barriga, enquanto o profissionalismo acena para a porta da fortuna. Não importa se na base das pancadas, dadas e tomadas.