Paes busca mostrar distanciamento do MDB e corrupção de Cabral

Os primeiros passos da campanha de Eduardo Paes (DEM) ao governo do Rio de Janeiro apontaram como objetivo mostrar distanciamento das três gestões do MDB no Palácio Guanabara, bem como do esquema de corrupção montado pelo ex-aliado Sérgio Cabral (MDB).

Desde o resgate de sua origem política ao lado de César Maia até a proposta para criar uma secretaria especializada no combate à corrupção foram motes para se diferenciar do emedebista, preso há quase dois anos.

O ex-prefeito é a única liderança do antigo MDB-RJ que ainda não foi atingida pelas investigações da Lava Jato do Rio. Além de Cabral, o presidente afastado da Assembleia Legislativa Jorge Picciani, e outros dois deputados afastados estão presos.

Nesta quarta-feira (8), Paes se encontrou com o procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem, para discutir a criação da Secretaria de Integridade Pública e Transparência. Ele afirmou que pretende se encontrar com a força-tarefa da Lava Jato do Rio para debater a proposta.

“A força-tarefa é um exemplo fantástico de identificação desses casos. Tem uma experiência acumulada ali que a gente pode conseguir criar mecanismos”, disse ele.

Na seara política, Paes buscou resgatar os laços perdidos com o ex-prefeito César Maia há ao menos 15 anos. Na convenção do DEM-RJ, classificou o candidato ao Senado como “professor de gestão” e lamentou sua derrota na eleição ao governo estadual em 1998 para Anthony Garotinho.

“Certamente a gente estaria vivendo um outro momento da história do estado do Rio de Janeiro se César Maia tivesse sido eleito governador”, disse Paes na convenção.

Garotinho, hoje candidato pelo PRP, foi eleito naquele ano no PDT. Mudou de partido algumas vezes até chegar ao MDB, sigla na qual estava em 2006, quando apoiou a eleição de Cabral.

O presidente do DEM, Rodrigo Maia, filho do ex-prefeito, incluiu Paes entre os nomes ligados ao pai que deram continuidade ao que classificou como “ciclo longo de sucesso” na administração municipal.

“César Maia fundou um longo período de prosperidade e sucesso na cidade do Rio. Começou com a eleição de 1992, passou pelo [Luiz Paulo] Conde [em 1996], outras duas gestões de César Maia e depois mais duas de Eduardo Paes. É esse quadro que lidera o processo [da candidatura estadual]”, disse Rodrigo Maia.

Apesar do vínculo de origem, Paes foi eleito prefeito em 2008 graças ao apoio de Cabral, após integrar seu secretariado no governo estadual. Naquele momento, o agora candidato a governador já estava distanciado havia seis anos da família Maia.

César fez críticas à gestão Paes, tendo inclusive lançado livro em que chama de “desastre estratégico e de gestão” a primeira administração do ex-prefeito no Rio de Janeiro (2009-2012).

Ao oficializar sua pré-candidatura, Paes já havia se distanciado também do governador Luiz Fernando Pezão (MDB), apontando “falta de comando” na segurança pública. Disse depois que sua eventual administração será “bem diferente” da atual.

Por fim, Paes escolheu como candidato a vice o deputado estadual Comte Bittencourt (PPS), opositor de Cabral e que se manteve independente durante a gestão Pezão, embora o PPS tenha apoiado a reeleição do emedebista.

O candidato do DEM negou ter optado por Bittencourt em razão da oposição a Cabral, mas disse que “a retidão e a independência dele contaram muito”.

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