Papa recusa beija-mão por questão de higiene, diz Vaticano

O papa Francisco, que na segunda-feira retirou a mão dos fiéis que estavam tentando beijar seu anel, fez isso por uma questão de higiene e para evitar a disseminação de germes entre os fieis, afirmou o Vaticano nesta quinta-feira (28).

O vídeo dos cumprimentos após uma celebração em Loreto, cidade a 280 km de Roma, ganhou as redes sociais após o evento. Ao receber os fiéis, Francisco retira a mão quando alguns tentam beijar o anel do pescador, símbolo do pontificado. Ele repete o gesto várias vezes, ficando aparentemente confortável só quando dois jovens não fazem a reverência. 

"O papa me disse que a razão pela qual ele não permitiu que beijassem o anel em Loreto era a higiene, para evitar a disseminação de germes entre as pessoas que faziam fila", afirmou Alessandro Gisotti, diretor do gabinete de imprensa do Vaticano.

"Ele me disse que gosta de abraçar e ser abraçado e estar perto das pessoas, mas temia que todos ficassem doentes", explicou Gisotti aos repórteres.

​O papa argentino, de fato, gosta de contato direto com os fiéis. Ele aperta centenas de mãos a cada semana, deixa-se abraçar, tira selfies, aceita beber mate e geralmente conversa com as pessoas. 

Segundo Gisotti, o problema era que havia muita gente na fila nesse evento. Ele acrescentou que o pontífice já deixou diversas vezes que fiéis beijassem sua mão e seu anel em eventos com menos público. 

A disseminação do vídeo gerou muitas interpretações entre os católicos e abriu um novo capítulo da polêmica entre conservadores e progressistas que agita os bastidores do Vaticano. Alvo de ataques dentro e fora da igreja por sua agenda progressista, o papa é acusado de desvirtuar os dogmas da tradição católica —o desprezo com o ritual do anel seria um exemplo. 

Francisco, como todos os outros papas, recebeu quando eleito o “anel do pescador” (referência a são Pedro, que era pescador e é o padroeiro da categoria), usado na mão direita e um dos símbolos da investidura do poder papal. 

O “baciamano”, como se diz no Vaticano, é um antigo ritual de reverência do catolicismo —ao papa e em alguns casos a bispos e cardeais, que também usam o anel como símbolo espiritual. 

Porém, segundo o jornal católico La Croix, o anel que ele usava na segunda-feira não era esse "anel do pescador", mas outro que ele recebeu durante sua ordenação episcopal em 1992, em Buenos Aires.

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