Paralisação de caminhoneiros faz indústria ter pior queda desde 2008
A paralisação de caminhoneiros ocorrida em maio passado teve impacto negativo sobre a produção industrial naquele mês.
Segundo divulgou o IBGE nesta quarta-feira (4), a produção da indústria brasileira teve queda de 10,9% em relação a abril, quando havia subido 0,8%.
A taxa de maio foi a pior desde dezembro de 2008, quando o setor recuou 11,2%, e colocou a indústria em patamares próximos aos do fim de 2003.
Na comparação com igual período do ano passado, a produção de maio baixou 6,6%, recuo mais intenso desde outubro de 2016 (-7,3%), o que levou a indústria a interromper 12 meses consecutivos de taxas positivas.
Ainda assim, os resultados vieram acima do que previam analistas consulta dos pela agência Bloomberg, de quedas de 13,2% do indicador na base mensal e 9,6% na comparação anual.A
mobilização de caminhoneiros começou a partir de 21 de maio e durou 11 dias. O impacto da paralisação foi sentido nacionalmente. Sem caminhões para entregar a produção agrícola nos centros urbanos, o país registrou desabastecimento de combustíveis e alimentos. Alguns produtos chegaram a triplicar de preços no período.
Também ocorreram perdas na indústria de proteína animal. Criadores de frangos na Bahia, por exemplo, perderam frangos ainda sem idade para abate devido à falta de ração para as aves. Produtores de leite, por exemplo, não conseguiram escoar a produção pelas estradas do país e tiveram que descartar parte do fabricado naquele mês.
Segundo a CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária), 289 litros de leite tiveram que ser descartados em meio à crise. O setor teria deixado de exportar 120 toneladas de aves e suínos no período.
A paralisação teve impacto ainda na indústria têxtil, de celulose e automobilística. A Suzano, empresa brasileira de papel e celulose, por exemplo, divulgou perdas de 80 mil toneladas na produção de celulose. Em papel, as perdas teriam atingido 25 mil toneladas.