Parlamentar dinamarquesa é expulsa da Câmara por levar filha bebê

Um século de avanços para mulheres na Dinamarca foi posto em debate nesta semana quando uma parlamentar disse a uma colega que não havia lugar para o bebê dela no Parlamento.

O episódio deu início a uma discussão nacional sobre igualdade de gênero e as dificuldades que os pais encontram para balancear a vida profissional e a familiar em um dos países com as mais generosas licenças parentais.

A mãe, Mette Abildgaard, 30, revelou o episódio em uma rede social. A autora do comentário é Pia Kjaersgaard, 72, a primeira mulher a ser presidente do Parlamento dinamarquês; ela disse que a presença da filha era indesejada, segundo Abildgaard.

Mãe e bebê foram retiradas da sala. 

A expulsão uniu vários legisladores de diferentes correntes políticas para protestar contra o que eles consideraram ser uma posição ultrapassada e injustificável. 

"Desde que não haja gritos ou choro, não há como incomodar alguém" afirmou Pernille Skippe, da Aliança Vermelha-Verde, de esquerda. 

Outros parlamentares chamaram a retirada das duas do recinto de incompreensível e exigiram desculpas da presidente da Casa. 

Os dinamarqueses estão acostumados a uma grande flexibilidade para balancear trabalho e vida familiar —eles têm direito a licença remunerada de um ano, folgas remuneradas para os pais quando os filhos ficam doentes e creches subsidiadas. 

Abildgaard explicou em sua publicação que levou a criança ao trabalho porque decidiu retornar mais cedo de sua licença como forma de "servir à democracia".

Uma das votações exigiu sua presença de última hora, e seu marido não conseguiu chegar ao local a tempo de cuidar de Esther Marie, que tem cinco meses de idade.

A criança tinha uma chupeta, ficou em silêncio e "estava de bom humor" no plenário, disse Abildgaard. Ela também afirmou que tinha arranjado para que sua assessora levasse a bebê, caso começasse a fazer barulho. 

Kjaersgaard defendeu sua decisão na terça (19), afirmando que tinha pedido de forma discreta a uma servidora que dissesse a Abilgaard que "não é bom" levar bebês ao local —teria sido um acontecimento menor, segundo ela. 

O ato da presidente do Parlamento recebeu algum apoio. Marlene Harpsoe, do Partido Popular Dinamarquês, disse que a decisão havia sido "totalmente justa". 

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