Paulo Guedes chama Mercosul de ideológico e diz que bloco não será prioridade
Poucas horas após a confirmação de Jair Bolsonaro (PSL) como presidente eleito, o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o Mercosul não será prioridade nas relações comerciais do Brasil.
"A prioridade não é o Mercosul", afirmou.
O economista criticou o bloco, que classificou como 'ideológico' e disse que as relações comerciais são restritas a países 'bolivarianos'.
"O Brasil ficou prisioneiro de alianças ideológicas e isso é ruim para a economia", disse. "Não seremos prisioneiros de relações ideológicas. Nós faremos comércio com o mundo todo."
Guedes mostrou-se irritado com questionamentos sobre o Mercosul. Ele disse classificou de 'mal feita' pergunta de uma repórter do jornal argentino Clarín, sobre se haveria rompimento com o bloco.
"De novo, pergunta mal feita. A pergunta é a seguinte: eu só vou comercializar com Venezuelana, Bolívia e Argentina? Não", disse, em referência equivocada sobre os países que compõem o Mercosul.
O bloco é, na verdade, formado por Argentina, Brasil, Uruguai, Paraguai e Venezuela, estando o último suspenso desde dezembro de 2016.
O economista, que deu início à entrevista sentado em uma poltrona de um hotel na Barra, levantou-se e disse que mudaria de assunto.
"Mercosul não é prioridade. Tá certo? É isso que você queria ouvir?", perguntou em tom agressivo à repórter do jornal argentino.
"Você está vendo que tem um estilo que combina com o do presidente, né? Que a gente fala a verdade. A gente não está preocupado em te agradar", falou à jornalista, acrescentando que "conhece o estilo" [das perguntas].
Demonstrando impaciência, Guedes negou ser agressivo e perguntou por que a repórter insistia em fazer questionamentos sobre a relação comercial com a Argentina e com o Mercosul.
Ela então esclareceu que trabalhava para o principal veículo de comunicação do país vizinho.
Antes mesmo do início da campanha, Guedes foi anunciado como ministro da Economia por Bolsonaro.
De acordo com programa de governo do candidato eleito, a pasta vai abarcar a estrutura do que hoje são três ministérios: Fazenda, Planejamento e Indústria e Comercio Exterior.
Pressionado por empresários, Bolsonaro já recuou da proposta de fundir Comércio Exterior com Fazenda, o que desagrada o futuro ministro.
DÉFICIT
Guedes também afirmou que é 'factível' zerar o déficit já no primeiro ano de governo. A medida está entre as propostas apresentadas por Bolsonaro no programa de governo entregue à Justiça eleitoral no início da campanha.
"Nós vamos tentar, nós vamos tentar. É factível, claro que é factível", disse, acrescentando que é necessário fazer o controle de gastos públicos.
De acordo com o Orçamento de 2019, a previsão é de um déficit de R$ 139 bilhões nas contas públicas.
Guedes evitou aceitar o título de ministro, afirmando que falta ainda um convite de Bolsonaro.