Polígrafo é um novo site de fact check e quer ser "o Google da verdade" em Portugal

O site vai ser anunciado hoje no Web Summit e afirma-se como o primeiro projeto de fact checking jornalístico em Portugal. Transparência é a palavra chave.

O Polígrafo é um projecto liderado pelo jornalista Fernando Esteves e quer trazer uma nova visão sobre os factos e atualidade, com uma verificação séria feita com investigação jornalística e seguindo os princípios da International Fact-Checking Network. A procura pela transparência e o objetivo de envolver a comunidade são duas das palavras chave do novo site que vai estar alojado no SAPO.

"Quando alguém procura no Google uma informação encontra essa informação e o seu contrário. O Polígrafo quer ser o 'Google da verdade', um motor de pesquisa onde as pessoas podem verificar se a informação é verdadeira", explica Fernando Esteves em entrevista ao SAPO TEK, adiantando que cerca de 60% da informação que circula nas redes sociais e na blogosfera é falsa, ou simplesmente confusa e manipulada.

Os primeiros sites de fact checking surgiram nos Estados Unidos e depois das últimas tentativas de manipulação de eleições o número de projetos dedicados à verificação dos factos tem-se multiplicado, existindo já mais de 140 que são órgãos de comunicação social, como acontece agora com o Polígrafo.

Os temas cobertos pelo site vão ser vários, desde a política à economia, passando pelo desporto e o internacional, e o projeto arranca já com uma base de factos verificados, com uma apresentação gráfica que torna claro e imediata a apreciação da informação e a verificação rigorosa com a metodologia seguida.

"Ao perceberem que as suas declarações vão ser monitorizadas 24 horas por dia os vários protagonistas - sejam políticos, bloggers ou influencers têm de elevar o discurso", refere Fernando Esteves que ainda assim não tem ilusões de que vai mudar o mundo. "Queremos à nossa escala fazer a diferença", explica ao SAPO TEK.

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Mesmo assim garante que o projeto não tem uma natureza policial, nem militante. "Não somos inimigos dos políticos, somos amigos dos utilizadores", afirma o jornalista, apesar de admitir que a área da política é o principal foco do projeto, até pela importância que tem e a ligação destes sites ao aprofundamento da democracia. "Só com uma pressão saudável trazemos mais verdade para o espaço público", defende Fernando Esteves.

Verificação sem pressas e com envolvimento da comunidade

Depois de trabalhar 25 anos em redações tradicionais o jornalista sentiu que era altura de fazer um projecto diferente. "As redações tradicionais estão esvaziadas de qualidade devido a constrangimentos financeiros […] são constituídas maioritariamente por jovens jornalistas", refere, lembrando ainda que trabalham numa lógica do clique e da rapidez que não permitem uma verificação mais rigorosa da informação.

"No Polígrafo só vamos publicar 5 conteúdos por dia", afirma. E como fazem a seleção, que já será por si subjetiva? "É uma opção jornalística, ditada por vários critérios, entre os quais o peso do protagonista", explica Fernando Esteves.

A transparência está na base do projeto, que divulga a informação dos accionistas e que vincula os colaboradores a uma declaração de não militância em organizações políticas, mas também procura criar uma comunidade de fact checkers entre os leitores. Para isso abriu os canais de comunicação e vai receber por WhatsApp e Telegram, mas também por email e por outros meios, os pedidos de verificação de factos que os utilizadores quiserem enviar. Mas isso não é abir a "caixa de Pandora"? Fernando Esteves defende que não, e que o seu desejo é mesmo receber muitos pedidos, até porque a experiência de outros projetos que tomaram esta iniciativa é de que 85% dos pedidos já correspondem a factos verificados, e que 5% é material importante que dará origem a verificações que enriquecem o projecto.

"Quem pedir uma verificação que seja relevante vai receber a informação 15 minutos antes desta ser publicada no site", explica, afirmando que "o meu objetivo é num curto espaço de tempo as pessoas possam encontrar os fact checkers que existem nelas", adianta. "É o empowerment dos leitores que será depois alvo de verificação jornalística", explica.

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