Polêmica por cancelamento de avaliação | Ex-presidente do Inep 'puxou tapete', diz Vélez ao defender troca no MEC

O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez, afirmou hoje que o ex-presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) Marcus Vinicius Rodrigues "puxou o tapete" ao cancelar a avaliação federal de alfabetização e que, por isso, foi demitido do cargo.

A exoneração de Rodrigues foi confirmada ontem à noite no Diário Oficial da União. O ministro justificou a saída afirmando que Rodrigues não o consultou sobre a mudança e que considerou isso um ato grave.

A pasta vive uma crise que já resultou em sucessivas demissões. Sobre isso, Vélez declarou que as trocas foram feitas a partir de critérios administrativos, ao ser questionado sobre as disputas internas dentro do MEC.

"O diretor-presidente do Inep puxou o tapete. Ele mudou de forma abrupta um entendimento que já tinha sido feito para preservação da Base Nacional Curricular e fazer as avaliações de comum acordo com as secretarias de educação estaduais e municipais. Realmente considerei [o cancelamento] um ato grave, um ato que não consultou o ministro", afirmou em audiência na Comissão de Educação da Câmara.

Rodrigues foi demitido porque assinou a portaria que suspendia a avaliação de alfabetização deste ano, que só voltaria ser realizada em 2021. A medida foi revogada pelo MEC no dia, somando-se aos recuos da pasta em três meses de governo. A decisão pela demissão de Rodrigues teria sido decidida na segunda-feira, depois de discussão dele com Vélez.

À TV Globo, Rodrigues disse que não há comunicação dentro do MEC e que, em quase três meses na pasta, nunca teve uma reunião de trabalho com o ministro. Sobre o cancelamento da avaliação federal de alfabetização, ele declarou que tinha respaldo do secretário de Alfabetização do MEC, Carlos Nadalim.

Na Câmara, Vélez rebateu ainda a declaração do agora ex-presidente do Inep. "Não é verdade que não tenha havido reuniões das secretarias e das presidências do mistério ao longo desses três meses. (...) Na nossa educação básica, na nossa secretaria de educação tecnológica, já há um enorme calendário de trabalho, um enorme serviço prestado à sociedade", afirmou.

A decisão de que o Inep não realizasse a avaliação da alfabetização teria, no entanto, partido do secretário de Alfabetização, Carlos Nadalim, que assim como Vélez é um dos discípulos do professor Olavo de Carvalho.

O episódio tem sido visto como mais um capítulo na disputa interna a ala ligada aos militares, a dos ex-alunos de Olavo de Carvalho e dos chamados quadros técnicos, ligados ao Centro Paula Souza, de São Paulo, que tem maior proximidade com o ensino técnico. Professor da FGV e que acompanhava as discussões da área desde antes da transição de governo, Rodrigues era um dos nomes ligados aos militares que integravam a pasta.

Brigas políticas de Olavo de Carvalho são outros 500

Sobre as trocas dentro do MEC, Vélez rebateu que elas refletem disputas políticas internas influenciadas pela queda de braço entre Olavo de Carvalho e os militares integram o governo. "Quanto as mudanças no aparelho administrativo do MEC tenho pautado sobretudo por critérios administrativos, não critérios políticos", afirmou.

O ministro da Educação afirmou ainda não tomar conhecimento "das brigas políticas" de Olavo de Carvalho.

"Se menciona o nome de um pensador brasileiro que mora fora, o professor Olavo de Carvalho. (...)As análises políticas, as brigas políticas do professor Olavo de Carvalho para mim são outros 500, não tomo conhecimento disso. Só me interessa resgatar a sua tradição humanística nessa proposta de formação em humanidades através da leitura das grandes obras, que não é uma proposta nova", afirmou.

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