Por falta de votos, consulta anticorrupção fracassa na Colômbia
Uma consulta popular que pretendia endurecer a legislação de combate à corrupção na Colômbia não registrou o número necessário de pelo menos 12,1 milhões de votantes neste domingo (26) para ser validada.
Com 99,98% das urnas apuradas, o referendo anticorrupção levou às urnas 11,6 milhões de colombianos, 500 mil a menos que o patamar mínimo exigido por lei, que corresponde a um terço dos eleitores registrados no país.
A consulta se vislumbrava como um voto de castigo contra a classe política e as várias denúncias de corrupção entre o Estado e empresas privadas.
Depois de conhecer os resultados, os envolvidos na iniciativa afirmaram que pretendem levar as propostas para serem votadas no Congresso.
"Faltaram-nos cinco centavos, mas a mudança é irreversível e aqui houve uma sacudida na classe política tradicional. A cidadania quer uma mudança genuína nas práticas políticas", afirmou a senadora Angélica Lozano, do Partido Verde.
Ainda que o número de eleitores tenha sido superior aos 10 milhões de votos que o atual presidente, Iván Duque, recebeu no pleito de junho, a consulta sucumbiu aos históricos índices de abstenção da Colômbia, onde o voto é facultativo.
Duque, aliás, apoiou o referendo, mas seu partido, o Centro Democrático, ligado ao ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), havia expressado reservas e optado por promover seus próprios projetos anticorrupção via Congresso.
Apesar do fracasso nas urnas, o debate sobre o pacote anticorrupção movimentou boa parte da sociedade colombiana.
Entre as perguntas a que os eleitores tinham de responder com "sim" ou "não" havia uma sobre corte de salários de altos funcionários públicos, inclusive parlamentares, e outra sobre o embargo de bens de condenados por corrupção.
De acordo com projeções oficiais, a Colômbia perdeu 4% de seu Produto Interno Bruto com corrupção entre 1991 e 2011, uma média de quase R$ 12 bilhões por ano.