Porto de Santos terá capital privado em 4 anos, diz novo presidente
A Codesp, companhia docas que administra o porto de Santos, pretende abrir o capital da empresa até o fim do governo Bolsonaro, em um prazo de três a quatro anos, segundo Casemiro Tércio Carvalho, novo presidente da empresa.
O plano, segundo ele, é que o governo mantenha o controle da autoridade portuária, com cerca de metade da participação.
"A autoridade portuária tem uma função pública de olhar pro desenvolvimento da região, do país. O aparelhamento fez com que o interesse público fosse deixado de lado", diz Carvalho.
Para o executivo, o papel dos investidores privados será, além de trazer recursos, ampliar a fiscalização da gestão do porto e torná-lo mais eficiente.
O executivo também não descarta uma ampliação da atuação da Codesp em outros estados e portos.
Segundo ele, a empresa poderia oferecer soluções e operar terminais não só do Brasil como em outros países, como Panamá e países africanos.
Antes disso, há uma intensa agenda de corte de gastos, demissão de funcionários e concessão de diversas áreas do porto a ser cumprida pela nova diretoria da Codesp.
A meta da empresa é lançar ainda neste ano, preferencialmente no primeiro semestre, o edital de diversos terminais —incluindo os da Rodrimar, empresa acusada de pagamento de propina ao ex-presidente Michel Temer, supostamente pela edição do Decreto dos Portos.
Os leilões deverão gerar cerca de R$ 500 milhões de investimento.
A previsão de quanto o porto pode receber não foi aberta --segundo os executivos, a modelagem ainda não foi definida, por isso ainda não há um cálculo preciso.
Ex-presidente da companhia docas de São Sebastião e da Hidrovia Tietê-Paraná, Tércio montou uma equipe com diversos nomes vindos da iniciativa privada e um forte discurso de combate à corrupção.
No fim do ano passado, o ex-presidente da Codesp José Alex Oliva chegou a ser preso no âmbito da Operação Tritão, que investiga supostas fraudes em licitações do porto.
Com a deflagração da investigação, diversos executivos foram afastados da Codesp, que iniciou um pente-fino em seus contratos.
Essa análise, diz o novo presidente, está em curso "na porradaria".
"Grande parte dos contratos foram vencidos, mas estamos apurando a responsabilidade interna da companhia. Os que estão vigentes, estão em auditoria e não executamos mais pagamentos", afirma.