Portáteis com ecrãs dobráveis não vão matar outros formatos mas serão parte importante do mercado em 4 a 5 anos
A visão da Lenovo é que este portátil será dirigido sobretudo aos profissionais altamente sofisticados, que querem ter as novas tecnologias. Atualmente há equipamentos focados no consumo de conteúdos e outros na produção, mas o novo ThinkPad X1 foldable junta as duas facetas, e pode facilmente ser transformado em livro para ler à noite ou para acompanhar um vídeo de uma série, mas também para trabalhar como se fosse um portátil, com um teclado especialmente desenhado para funcionar no ecrã, mas que também pode ser levado para o trabalho e ligado a uma docking station.
“É um equipamento com todas as funcionalidades de um ThinkPad e com a mesma robustez e fiabilidade que vai apelar a todos os que veem vantagens num dispositivo multifuncional”, garante David Rabin, explicando que esta é a razão porque a empresa decidiu que será integrado nesta categoria, e na linha de topos de gama da marca.
A Lenovo já “partilhou” o conceito com vários clientes e a receptividade foi boa, e está a trabalhar com parceiros de software e hardware para garantir a melhor experiência, desde a LG que está a desenvolver os ecrãs à Microsoft que tem o sistema operativo.
Sobre o potencial de massificação de portáteis de ecrã dobrável, o executivo da Lenovo admite que entre levará algum tempo, e dá o exemplo dos tablets que tiveram inicialmente uma curva de adopção lenta mas depois escalaram rapidamente. “Estamos a ver muitos cenários de utilização nas empresas, mas em última análise achamos que este conceito adaptativo vai ganhar […] se conseguir ter mais funcionalidades de um único device é uma boa solução”, detalha.
Por isso David Rabin não tem dúvida de que a prazo os portáteis de ecrã dobrável serão uma tendência marcante na indústria de portáteis e a evolução da tecnologia prova que a adopção pode ser rápida. “O mercado de PCS vai vender 270 milhões de unidades este ano, alguns dos quais são ‘commodities’, computadores simples que as pessoas usam para tarefas básicas, mas vai sempre haver mercado para quem investe em inovação que é diferenciadora e os foldable são uma das 3 inovações que vemos que pode transformar a indústria de PCs. As outras são o 5G e as capacidades “semelhantes a um smartphone”, com a possibilidade de receber notificações mesmo quando estão em modo de suspensão, bateria que dura o dia todo e a possibilidade de ‘acordar’ com reconhecimento de voz. Hoje muitos PCs quando estão fechados são um peso morto”, adianta. “A nossa visão é de um mundo onde este PC funciona de forma idêntica a um smartphone”, detalha David Rabin.
E o preço? A Lenovo não colocou nenhuma “etiqueta” de preço, nem sequer um teto máximo” para o seu foldable, mas David Rabin admitiu que a comparação com os 2 mil euros a que vão ser vendidos os Galaxy Fold da Samsung e os Huawei Mate X faz sentido. “Esse valor não é ilógico”, admitiu, embora a empresa esteja ainda a trabalhar nessa área.
Quanto aos problemas técnicos que a Samsung teve no Galaxy Fold, David Rabin não comenta, mas afirma que a Lenovo está a olhar atentamente par o que a indústria faz e está a desenvolver o ThinkPad X1 Foldable com outro fornecedor de ecrãs (a LG), mas que tem muita confiança na sua capacidade de desenvolvimento e engenharia. E como prova disso mesmo, durante a entrevista atirou várias vezes o seu ThinkPad ao chão e chegou mesmo a pôr-se em pé em cima do portátil. “É este o nível de robustez que pomos nos nossos produtos”, afirmou.