PR se une a centrão e quer definir apoio nesta quinta
Após desistência de aliança com Jair Bolsonaro, o PR de Valdemar Costa Neto decidiu fechar acordo com o centrão para que o grupo apoie candidato único à presidência. Dividido entre Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB), o bloco quer afunilar para uma decisão final já nesta quinta-feira (19), em café da manhã com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Na noite desta quarta-feira (18), caciques dos partidos do centrão participaram de um jantar na casa do senador Ciro Nogueira, presidente do PP. Estiveram no encontro Valdemar Costa Neto (PR), Paulinho da Força (SD), ACM Neto (DEM) e Marcos Pereira (PRB).
Ao fim do encontro, apesar da indefinição sobre o nome a ser apoiado, havia uma unanimidade: o grupo vai caminhar junto. Costa Neto disse que vai acompanhar o bloco. Os colegas confirmaram.
“É impossível haver divisão. Eu me comprometi que se eu for vencido, vou acompanhar a maioria. Isso já está definido”, disse Ciro Nogueira.
Seja qual for o escolhido, participantes do encontro afirmam que o candidato a vice na chapa já está decidido. O posto deve ficar com Josué Alencar (PR), filho de José Alencar, vice-presidente durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Mesmo que os presidentes dos partidos decidam o apoio na reunião com Maia, o anúncio oficial não deve ser feito no mesmo dia. Participantes do jantar acreditam que isso só será possível na próxima semana, após consultas aos membros de cada partido.
Ciro conta com a simpatia do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e dos presidentes do Solidariedade, Paulinho da Força, e do PP, Ciro Nogueira. Já os presidentes do DEM, ACM Neto, e do PRB, Marcos Pereira, tinham preferência pelo tucano.
Mesmo que Ciro conquiste o apoio do blocão, o grupo pode não ir à convenção dele, na sexta-feira (20), e só formalizar o apoio na semana que vem. As legendas querem tempo para validar a decisão com suas bases.
DEM, PP, SD e PRB vêm conversando desde maio para, em bloco, terem mais força para barganhar espaço na campanha presidencial.
Além da vice-presidência para o grupo, o DEM já havia recebido tanto de Ciro como de Alckmin a sinalização de apoio à recondução de Maia à presidência da Câmara.
Dono de preciosos 45 segundos de tempo de TV no horário eleitoral, o PR vinha sendo alvo de assédio do blocão há vários dias, mas esbarrava no namoro do partido com a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL).
Costa Neto esperava eleger um grande número de deputados federais de carona na popularidade de Bolsonaro.
Mas foi justamente a formação de alianças locais, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, que sepultou o relacionamento entre o PR e o capitão reformado, que ficou sem opções de vice fora de sua legenda.
Auxiliares de Costa Neto diziam que a decisão dele não sairia esta semana porque ele ainda aguardava a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, voltar de uma conversa com Lula, nesta quinta-feira (19), em Curitiba, onde o petista está preso.
RACHA
Há cerca de duas semanas, o centrão, que volta a ser o todo-poderoso da eleição por causa de seus 171 segundos de TV (2 minutos e 51 segundos), quase rachou.
O PRB apresentava resistência em apoiar Ciro Gomes (PDT-CE) e ameaçava abandonar o barco.
Com o discurso à esquerda do pré-candidato do PDT, a sigla temia perder a inserção que conseguiu no empresariado ao comandar o Ministério da Indústria.
Além disso, havia a preocupação de que a pauta de costumes da esquerda não fosse bem recebida por seu eleitorado evangélico. A legenda é ligada à Igreja Universal do Reino de Deus.
O comando do DEM também buscava uma maneira de unir o partido, já que há alas mais conservadoras que não simpatizam com o apoio a um candidato de esquerda.
Maia agiu pró-Ciro. De posse de uma pesquisa que mostrava o alto índice de rejeição de Alckmin e do PSDB, o presidente da Câmara vem trabalhando para tornar o presidenciável do PDT mais palatável.
Além disso, Maia escalou um economista de sua confiança para dialogar com a coordenação econômica da campanha do PDT para modular o programa de governo de Ciro, trazendo-o da esquerda para uma agenda considerada mais de centro.
Caso o centrão feche aliança com Ciro Gomes, o pré-candidato do PDT ganha mais força para tentar atrair para seu palanque o PSB e o PC do B.
Alckmin não cessou as investidas sobre o centrão. Na segunda-feira (16), conversou com Costa Neto. Na semana passada, esteve com Marcos Pereira. Nesta quarta, ele recebeu apoio formal do PTB e ainda aguarda a oficialização de PPS, PV e PSD.