'Prisão de Guaidó seria um absurdo completo', afirma chanceler brasileiro
O ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, avaliou nesta sexta-feira (1) que seria "um absurdo completo" a prisão do autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, pelo ditador Nicolás Maduro.
Ele disse que, após a visita na quinta-feira (28) do venezuelano ao Brasil, o governo brasileiro está ainda mais confiante na capacidade de Guaidó de atuar para restituir a democracia e a liberdade no país sul-americano, que passa por uma crise política.
O presidente interino embarcou nesta sexta-feira (1) para o Paraguai e a previsão é de que ele retorne à Venezuela até a segunda-feira (4). Ele afirmou que tem recebido ameaças, mas que elas não o impedirão de voltar ao seu país.
"Esperamos que não aconteça [uma prisão], seria um absurdo. Temos de ver qual seria a reação, mas seria um absurdo completo", disse o chanceler brasileiro.
Em entrevista à Folha, a secretária-adjunta para Assuntos do Hemisfério Ocidental dos Estados Unidos, Kimberly Breier, considerou uma eventual prisão um "erro terrível" do ditador.
Apesar do presidente Jair Bolsonaro ter indicado uma disposição em abrir um diálogo com Maduro para solucionar o impasse, Araújo disse que o governo brasileiro só atuaria se houvesse uma solicitação de Guaidó.
"Se surgisse uma demanda do governo legítimo, examinaríamos. Mas, no momento, não está em consideração", disse.
Em conversa com a Folha, na quinta-feira (28), Guaidó afirmou que sua proposta de anistia para os aliados do chavismo que contribuam para a transição de governo no país vizinho pode incluir o ditador.
Ele ressaltou que a anistia não pode incluir funcionários do regime de Maduro que tenham violado direitos humanos.
Questionado sobre se Maduro não teria cometido crimes de lesa humanidade ao bloquear a entrada de ajuda humanitária em seu país no último fim de semana, Guaidó disse que seria preciso "avaliar" o caso.
"Eu não sou juiz. Eu sou deputado e presidente encarregado. Teria que avaliar se está contemplado ou não nos supostos dos direitos humanos", afirmou.