Protestos pró e contra Nicolás Maduro tomam as ruas de Caracas
Protestos de apoiadores tanto do ditador Nicolás Maduro quanto de seu opositor, o autodeclarado presidente interino Juan Guaidó, estão nas ruas de Caracas desde às 10h deste sábado (9). A marcha "anti-imperialista" de Maduro está concentrada na avenida Bolívar, e a de Guaidó, na avenida Victoria.
Os protestos acontecem na sequência do maior apagão da história recente da Venezuela. A capital, Caracas, e pelo menos 20 estados ficaram mais de 24 horas sem luz entre a quinta (7) e a sexta (8), quando a energia voltou a ser restabelecida parcialmente.
Até o início da tarde de sábado, ao menos três estados continuavam totalmente no escuro. O metrô de Caracas, que transporta dois milhões de passageiros por dia, continua sem operar desde o início do apagão.
O governo de Maduro denunciou um suposto "ataque cibernético" ao sistema da hidrelétrica de Guri, localizada no estado de Bolívar, próxima à fronteira com o Brasil. Guri é a segunda maior hidrelétrica da América Latina, superada apenas pela de Itaipu. O blecaute também afetou o estado vizinho de Roraima.
Maduro declarou 9 de março como o dia do anti-imperialismo, depois que, nesta data, em 2015, o então presidente americano Barack Obama emitiu um decreto afirmando que a Venezuela era uma "ameaça incomum e extraordinária para a segurança" dos Estados Unidos.
Em uma rede social, o ditador denunciou o que chama de "nefasto intervencionismo norte-americano" no país. "Hoje, mais do que nunca, somos anti-imperialistas. Jamais nos renderemos!", escreveu Maduro.
Em seguida, agradeceu "às mulheres patriotas" que saíram às ruas no Dia Internacional da Mulher para "expressar seu rechaço às agressões imperialistas".
Segundo a TV NTN24, o palco para a manifestação de Guaidó foi desmontado na madrugada do sábado por policiais e dois encarregados da montagem foram presos. Mas a convocatória para o protesto da oposição continuou de pé.
Maduro "já não tem como conter a um povo que está decidido a concretizar o fim da usurpação", postou Guaidó em uma rede social.
As primeiras notícias dos protestos informam que a polícia do regime reprimiu, com gás lacrimogêneo, manifestantes da terceira idade na marcha de apoio a Guaidó, e tenta conter a manifestação de maneira geral. Contudo, as mesmas forças de segurança não hostilizaram quem se reuniu para o apoio a Nicolás Maduro.
Os levantes da situação e da oposição foram convocados no início da semana, após Juan Guaidó retornar à Venezuela de uma viagem de dez dias por países latinos em busca de apoio diplomático contra o governo de Maduro. Ele corria o risco de ser preso, mas sua entrada no país na segunda (4), pelo aeroporto internacional Simón Bolívar, foi pacífica.