PSL contrata advogado para defender candidata laranja em investigação da PF

A candidata laranja do PSL em Pernambuco, Maria de Lourdes Paixão, terá paga pelo próprio partido sua defesa na investigação do esquema.

A informação foi confirmada nesta quarta-feira (20) pelo advogado de Lourdes, Ademar Rigueira. Ele demonstrou irritação ao ser indagado pela Folha sobre quem estava pagando pelos seus serviços. “Você é da Receita Federal?”, questionou.

Rigueira declarou que o fato de Maria de Lourdes Paixão ter recebido R$ 400 mil de verba pública eleitoral a quatro dias da eleição se deve ao fato de ser uma aposta do PSL.

Segundo o advogado, Maria de Lourdes Paixão e Luciano Bivar, deputado federal e presidente nacional do PSL, têm uma ligação que dura mais de 30 anos. Ela já trabalhou em duas empresas comandadas pelo político.

“É uma opção do partido. Ela foi uma das várias candidatas que a sigla apostou aqui. Infelizmente, essa questão do fundo partidário saiu muito na hora. Havia um compromisso anterior da liberação desse dinheiro", informou.

Questionado sobre o motivo de o dinheiro só ter sido repassado na semana final das eleições, Rigueira disse que havia uma indefinição sobre se a verba destinada à cota para mulheres poderia ser utilizada de fato na campanha eleitoral.

O advogado afirmou que o material foi efetivamente rodado, mas, apesar de toda a repercussão do caso, não soube precisar o endereço da gráfica. Também não se lembrou do nome da empresa.

Depois de jornalistas mencionarem o nome da gráfica Itapissu, ele confirmou como sendo a empresa responsável pela execução do serviço.

“É uma gráfica grande. Ela existe. Já prestou serviços para o Ministério Público, por exemplo. Não sei precisar o endereço."

Rigueira declarou que uma parte da propaganda política que teria sido impressa ficou na residência da candidata. A outra parte teria sido levada ao comitê central de Jair Bolsonaro, que funcionava na zona sul do Recife.

A prestação de contas de Lourdes, que é secretária administrativa do PSL de Pernambuco, estado de Bivar, sustenta que gastou 95% desses R$ 400 mil na gráfica Itapissu para a impressão de 9 milhões de santinhos e cerca de 1,7 milhão de adesivos, às vésperas do dia do primeiro turno, em 7 de outubro.

Cada um dos quatro panfleteiros que ela diz ter contratado teria, em tese, a missão de distribuir, só de santinhos, 750 mil unidades por dia —mais especificamente, sete panfletos por segundo, no caso de trabalharem 24 horas ininterruptas.

Reportagem da Folha publicada no dia 10 de fevereiro revelou que o grupo de Bivar, recém-eleito segundo vice-presidente da Câmara dos Deputados, foi o responsável pela criação da candidatura.

Maria de Lourdes Paixão, que teve apenas 274 votos, foi a terceira maior beneficiada com verba do PSL nacional em todo o país, mais do que o próprio presidente Bolsonaro e a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), que recebeu 1,079 milhão de votos.

Lourdes chegou à Superintendência da Polícia Federal no Recife às 8h50 desta quarta-feira acompanhada por Rigueira.

A Polícia Federal informou que o depoimento de Maria de Lourdes é um Registro Especial, procedimento anterior à abertura do inquérito policial.

O teor será encaminhado nesta quarta à Justiça Eleitoral. Posteriormente, o Poder Judiciário vai requisitar a instauração da investigação.

O dinheiro do fundo partidário do PSL foi enviado pela direção nacional da sigla para a conta da candidata em 3 de outubro, quatro dias antes da eleição.

Na época, Gustavo Bebianno, demitido por Bolsonaro na segunda-feira (18) da Secretaria-Geral da Presidência, era presidente interino da legenda e coordenador da campanha de Bolsonaro, com foco em discurso de ética e combate à corrupção.

Ao contrário do declarado por Bivar, a Folha esteve no endereço informado como sendo o da gráfica e verificou que não havia máquinas para impressão em larga escala no lugar informado.

Apesar de ser uma das campeãs de verba pública do PSL, Lourdes teve uma votação que representa um indicativo de candidatura de fachada, em que há simulação de atos de campanha, mas não empenho efetivo na busca de votos.

"Teve um grande problema que foi o estado de saúde da mãe dela. Ela se internou e depois, perto da campanha, ficou sendo cuidada na casa dela. Depois da campanha, a mãe faleceu", justificou.

No dia 8 de fevereiro, a reportagem da Folha visitou primeiramente um endereço que consta na nota fiscal da gráfica Itapissu, no bairro Arruda, na capital pernambucana, e encontrou apenas uma oficina de carros, que funciona há quase um ano no local.

No dia 11, um dia após a publicação da reportagem, a empresa, no endereço constante na Receita Federal, amanheceu de porta aberta. Numa sala pequena com duas mesas, não havia máquinas para impressão de material.

No imóvel informado na Receita, localizado no número 345 da avenida Santos Dumont, há um café instalado no térreo e um espaço para aulas de reforço.

No dia 13 de fevereiro, a Folha revelou ainda que Bebianno liberou R$ 250 mil de verba pública para a campanha de uma ex-assessora, que repassou parte do dinheiro para uma gráfica registrada em endereço de fachada.

Um dia depois, a Folha mostrou que uma gráfica de pequeno porte de um membro do diretório estadual do PSL foi a empresa que mais recebeu verba pública do partido em Pernambuco nas eleições —sete candidatos declararam ter gasto R$ 1,23 milhão dos fundos eleitoral e partidário na empresa da cidade de Amaraji, interior de Pernambuco.

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