Quem não finaliza se trumbica
O São Paulo chutou uma vez só ao gol do Flamengo durante todo o primeiro tempo. Daí o sorriso aberto de Diego Aguirre quando o menino Helinho acertou o ângulo do goleiro rubro-negro, César. O menino da seleção sub-17, terceira colocada no Mundial do ano passado, esfumaçou o clássico.
Com Helinho, o São Paulo conseguiu o que lhe falta durante todo o campeonato: finalizações. A história recente do Brasileiro indica que o critério mais importante para ser campeão é chegar na cara do gol e chutar no alvo.
Dos últimos cinco campeões, só o Corinthians era diferente. “A defesa compensava”, diz José Eduardo Romanini, especialista em estatísticas de futebol, do site Footstats.
Em toda a campanha, o time de Diego Aguirre só chuta mais a gol do que Chapecoense, América-MG e Corinthians, o que explica também a dificuldade corintiana para sair da parte de baixo da tabela. Os recordistas de finalizações são Flamengo e Palmeiras, não por acaso o vice-líder e o líder antes do início da 32ª rodada.
No primeiro tempo dominado pelo Flamengo, mas com 1 a 1 no placar, Diego Aguirre montou a equipe num 3-5-2. O sistema tático não era explícito, porque Bruno Peres voltava para marcar Vitinho e Anderson Martins fazia um dublê de zagueiro pela esquerda e marcador de Éverton Ribeiro, o jogador mais aberto pela direita na equipe rubro-negra.
Não deu certo. Diego Souza fez 1 a 0 rapidamente. Só que a equipe ficou torta e sem criação no meio de campo, setor de Jucilei, Luan e Liziero.
Como tem talento para jogar de uma área a outra, Luan subiu de produção com Helinho por perto. O São Paulo buscou mais o gol.
Apesar de falta de tempo para treino, que produz chutes longos, faz times apostarem em sistemas defensivos fortes e jogadas de bolas paradas, uma característica persiste no Brasileiro: o ataque. O líder do campeonato é o Palmeiras, com o maior número de gols e o segundo índice de finalizações. Cruzeiro bicampeão em 2013/2014, Corinthians de 2015, Palmeiras de 2016 venceram o torneio com o recorde de chutes certos.
Não é justo dizer que posse de bola não serve para nada. Depende do estilo. Se o Manchester City registrar menos de 50% do tempo sem trocar passes significará que não consegue impor sua preferência. O mesmo vale para o Barcelona. Aqui, o São Paulo foi campeão de bola no pé em 2017. Terminou em 13º lugar. Hoje é o 12º em posse e está em quarto no campeonato.
O Grêmio é quem mais troca passes no Brasileiro. Ocupa a quinta colocação na tabela.
No Morumbi de domingo (4), o Flamengo não foi premiado pela sua insistência, deu 6 chutes certos e 11 errados. Castigou Sidão e não venceu o jogo.
No sábado (3), o Palmeiras castigou Vanderlei, do Santos, com cinco chutes. O líder do Brasileiro mandou no primeiro tempo, Cuca mexeu em sua formação e cresceu na segunda parte, empatou em chutes certos, perdeu numa falta cobrada por Victor Luís, com falha de Vanderlei. O Palmeiras compartilha o ataque mais positivo com o Flamengo. Os dois disputam o título.
Um fim de semana com dois grandes jogos e os dois melhores ataques brigando pela taça são alento ao país eliminado da Libertadores e da Copa do Mundo.
APOSTAS PARA 2019
O Corinthians tem em Sergio Díaz e Araos esperanças para 2019. Contra o Vitória, Díaz foi titular, mas não encantou. Contra o Botafogo, foi a vez do chileno. Nenhum dos dois brilhou. Não significa que não possam brilhar. A questão é não repetir erros e ter sequência de trabalho para brigar por títulos.
SANTOS NA BRIGA
O Santos contratou Cuca quando estava em 17º. Está em sétimo, com a mesma pontuação do Atlético-MG. Cuca mexeu bem no intervalo e equilibrou o jogo contra o Palmeiras. Pelo retrospecto recente, o Santos vai se classificar para a Libertadores. O Atlético-MG trocou de técnico e diminuiu a qualidade.