Rebeldes do Iêmen confirmam retirada iminente no oeste do país
Os rebeldes huthis do Iêmen confirmaram neste sábado (11) o início de uma retirada unilateral em três portos no oeste do país. A região tem sido desde 2018 eixo do confronto com a coalizão governamental.
A ação havia sido estabelecida durante negociações em dezembro, na Suécia, com a mediação da ONU. No acordo, a retirada estava agendada para começar na manhã deste sábado, afirmou um dos líderes da rebelião no Iêmen, Mohamed Ali al Huthi.
Ele explicou que a "retirada unilateral" dos rebeldes é uma reposta à "recusa" por parte da coalizão pró-governo, apoiada pela Arábia Saudita, de aplicar este acordo. Ainda acusou Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos e Reino Unido, grupo que chamou de "países da agressão".
A ONU antecipou na sexta-feira (10) que os rebeldes deixariam os portos de Hodeida, Salif e Ras Issa, no Mar Vermelho.
Se for confirmado, o acordo para a retirada na região de Hodeida representaria a melhor oportunidade até o momento de fazer a paz avançar no Iêmen.
Hodeida é a principal porta de entrada para as importações e a ajuda humanitária no Iêmen, vital para milhões de pessoas à beira da fome. O país tem sido cenário de um conflito violento há mais de quatro anos.
Anunciada em diversas ocasiões pela ONU, por exemplo em fevereiro e abril, a retirada efetiva dos combatentes demora a ser concretizada. Uma missão de observação, liderada pelo general dinamarquês Michael Lollesgaard, deve monitorar e informar sobre o reposicionamento das forças huthis.
O governo iemenita também celebrou o anúncio da retirada, mas expressou dúvidas sobre a aplicação efetiva.
"Saudamos toda medida com o objetivo de aplicar o acordo da Suécia para a retirada dos portos da província de Hodeida, mas advertimos sobre as tentativas da milícia (dos huthis) de enganar a comunidade internacional", declarou o ministro iemenita da Informação, Muamar Al Iryani.
O ministro afirmou que o acordo prevê, em um primeiro momento, a saída dos huthis de Salif e Ras Issa, além da entrega à ONU de mapas detalhados sobre as minas deixadas na região.
Em seguida aconteceria a retirada dos huthis de Hodeida e das forças governamentais de uma área denominada Kilo 8, assim como a entrega de mapas para a retirada de minas.
Iryani declarou que qualquer retirada unilateral rebelde sem controle e verificação conjunta seria um "truque e não poderia ser aceito".
Histórico
A guerra no Iêmen opõe as forças do governo, apoiadas militarmente por Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, e os rebeldes huthis, que têm o apoio do Irã e controlam amplas zonas do oeste e norte do país, incluindo a capital Sanaa.
A coalizão liderada pelos sauditas começou a atuar no Iêmen em março de 2015 para contra-atacar o avanço dos rebeldes e restituir o poder ao presidente Abd Rabbo Mansur Hadi.
Desde 2015 o conflito deixou dezenas de milhares de mortos, em sua maioria civis, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Quase 3,3 milhões de pessoas foram obrigadas a abandonar suas cidades e 24,1 milhões, o que representa mais de dois terços da população, precisam de assistência, de acordo com a ONU, que denuncia a pior crise humanitária no mundo.
Em abril, presidente dos EUA, Donald Trump, vetou resolução do Congresso americano que determinava o fim do envolvimento dos EUA no conflito no Iêmen.