Red Dead Redemption II: a melhor “representação” de um mundo em videojogo?
“Estamos a trabalhar 100 horas por semana para finalizar o jogo”, foram palavras do cofundador da Rockstar Dan Houser a poucas semanas de lançar Red Dead Redemption II, um dos mais aguardados títulos dos últimos anos, ou não fosse a produtora da série Grand Theft Auto V. As suas palavras pretendiam demarcar o empenho que a equipa estava a ter na fase final do projeto, o “maldito” Crunch (termo utilizado pelos programadores no processo de exterminar os bugs que perduram nos projetos), mas estas não caíram bem nos sindicatos laborais ligados à indústria.
O novo videojogo, que chega às lojas em versões PlayStation 4 e Xbox One, esteve em produção durante sete anos, e é um dos exemplos onde a indústria dos videojogos se confunde com Hollywood. Basta ver os números: o estúdio contratou 1.000 atores para encarnar as personagens que os jogadores irão cruzar-se durante as suas aventuras no velho oeste americano. Cada personagem terá a sua personalidade e estado de espírito, capazes de reagir às diversas interações com o protagonista. Será possível desafiar, maltratar ou simplesmente dialogar com qualquer personagem que deambule pelo cenário, resultando em 500.000 linhas de diálogo escritas para o jogo e mais de 300.00 animações realizadas.
O resultado é a derradeira experiência lúdica baseada em mundos abertos, que não sendo inéditos, raramente chegam ao detalhe imposto pelos jogos criados pela Rockstar. No caso de Red Dead Redemption II até se discute a física dos testículos dos cavalos para realçar o nível de detalhe. O primeiro capítulo já tinha oferecido uma experiência envolvente, transportando os jogadores para o imaginário do velho oeste, representado com mestria no cinema através das obras “spaghetti western” de Sergio Leone e os filmes de John Wayne.
A nova sequela pretende elevar a fasquia, expandindo todos os conceitos e clichés associados à época histórica americana. Assaltos a comboios em movimento e carroças de diligências? Beber whisky ou jogar poker nos saloons? Fazer duelos ao pôr do sol? Construir um esconderijo para o gangue de bandidos? Caçar búfalos nas pradarias? São perguntas com respostas óbvias neste novo título, que mistura uma narrativa (com uma duração de mais de 60 horas) com inúmeras atividades paralelas, desde caça (mais de 100 espécies de animais), corridas, torneios de tiro, confrontos com os índios e muitas outras mecânicas que os jogadores deverão descobrir.
E tudo isto correspondente ao conteúdo da experiência a solo, porque daqui a algumas semanas o estúdio vai introduzir a componente online, que vai elevar a longevidade do jogo por longos anos – se olharmos para GTA V, que graças às constantes atualizações de desafios multijogador, continua a ser listado nos tops de vendas, mais de cinco anos depois de ter sido lançado originalmente na PS3 (sim, na geração anterior).
A produtora pretende também explorar diferentes ambientes, desde os quentes desertos, as montanhas nevadas aos pântanos cerrados. E estabelece contrastes entre os centros rurais e as cidades mais modernizadas para a época. Obviamente que se pensar no primeiro jogo, são as personagens que tornam o mundo credível, e nesta sequela (que neste caso funciona como prequela) não será exceção. E antes que pergunte onde está o protagonista do primeiro capítulo, John Marston, este será agora uma personagem do mesmo gangue de Arthur Morgan, o titular da nova aventura.
E já que se fala em gangue de bandidos, o jogador será o responsável por manter a sua segurança, criar acampamentos, onde se pode comer, dormir, partilhar histórias com os companheiros ou jogar às cartas. Deverá manter a moral elevada, criando grupos de caça para levar comida para o acampamento e resolver mesmo problemas dos seus membros. E quando as coisas dão para o torto, e as autoridades estão no encalce, há que desmontar e fugir para outro local.
Há muito por descobrir nesta nova aventura da Rockstar e Red Dead Redemption II promete ser muito falado nos próximos meses (anos). Lembra-se de como os turistas da série Westworld escapavam das suas vidas quotidianas para o mundo (artificial) do velho oeste? Red Dead Redemption II promete ser esse Westworld...