Santander terá portabilidade de maquininhas
Abrindo uma nova frente de concorrência, o Santander lançou a portabilidade de maquininhas de cartão nesta quinta-feira (1º). Um cliente que tenha um aparelho de uma concorrente poderá receber suas vendas pela Getnet sem precisar comprar uma nova maquininha.
A portabilidade vale apenas para os modelos mais simples, que dependem de smartphone para funcionar, vendidos tradicionalmente para autônomos e microempreendedores (MEI).
Assim como os celulares, que no passado eram bloqueados pela operadora, o dispositivo que recebe pagamentos com cartões de crédito e débito também é atrelado à empresa que vendeu ou alugou o aparelho.
Para tentar roubar uma fatia desse mercado, a Getnet desenvolveu um software que permite capturar as vendas com o uso das maquininhas de concorrentes, como a Stelo, da Cielo, a Minizinha, da PagSeguro-- pertencente ao grupo UOL, que tem participação acionária minoritária e indireta na Folha-- e a Minipop Credicard, do Itaú, que também é dono da Rede.
A troca de empresa é feita pelo aplicativo para smartphone. Depois de baixado no celular, o cliente deve se cadastrar na Getnet. Ele então conecta a maquininha, de qualquer marca, via bluetooth, e utiliza o sistema da empresa do Santander para processar a compra. Se quiser, pode retornar ao sistema operacional original da máquina.
O banco estima que existam no mercado quatro milhões dessas maquininhas atreladas ao celular e espera, com a portabilidade, trazer de 300 mil a 400 mil novos clientes até o fim de 2020.
A atração de novos clientes dependerá, porém, da oferta de custos mais baixos e do prazo de pagamento das vendas, especialmente a crédito. A guerra de maquininhas se intensificou em maio, quando a Rede passou a pagarem dois dias vendas a crédito, eliminando a despesa do lojista de antecipar recebíveis.
Na Getnet, clientes da Superget (o modelo da portabilidade), pagam 2% de taxa e recebem as vendas em dois dias. A disputa tende a espremer ainda mais as margens das empresas, que já vivem uma concorrência acirrada.
O país tem atualmente cerca de 10 milhões de maquininhas, segundo dados da Abecs (associação da indústria de cartões). A fatia do Santander é de 12% do total e a meta do banco é chegar a 14% até o final de 2020.
Pedro Coutinho, presidente da Getnet, diz que a portabilidade poderá ser expandida para maquininhas mais sofisticadas, desde que tenham sido comparadas pelos lojistas --o mercado ainda tem varejistas que alugam o dispositivo, especialmente nas grandes redes.
“[A portabilidade] não traz volume, mas traz cliente, em especial, uma base que nos interessa muito”, afirma Coutinho.
Usuários dessa maquininha são micro e pequenos empreendedores, que vendem entre R$ 500 a R$ 2.000 por mês no cartão, segundo o banco.
Ainda assim, é um segmento que tem sido amplamente disputado pelas empresas de adquirência.
Na terça (31), outra participante do mercado, a Stone anunciou uma associação com o Grupo Globo para operar justamente no segmento de autônomos e microempreendedores. Ainda não há detalhes do modelo de negócio e se o aparelho a disposição do consumidor será semelhante ao que a Getnet fará portabilidade.
Quando a Oi lançou a portabilidade, concorrentes foram a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) para protestar contra a nova prática. O órgão deu vitória companhia telefônica e instituiu a obrigatoriedade da portabilidade.
O mesmo pode acontecer com os dispositivos físicos maquininhas, também reguladas pela Anatel.
A maioria delas são, inclusive, do mesmo fabricante. A gigante chinesa Pax produz a Minizinha, a Stelo e a Superget. A Minipop é da brasileira Gertec.