'Se não posso ser bem recebido em Nova York, seremos no Texas', diz Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro aproveitou o café da manhã com deputados federais, nesta quinta-feira (9), para fazer críticas ao prefeito de Nova York, Bill de Blasio, que comemorou a desistência do brasileiro de ir à cidade americana para ser homenageado num jantar de gala.
No encontro, o presidente disse que o norte-americano "se comportava como um radical" e preparava manifestações e protestos —"os piores possíveis"— contra ele. O presidente receberia em Nova York homenagem promovida pela Câmara de Comércio Brasil-EUA.
"Eu não poderia comparecer a uma cidade onde o chefe do Executivo, o prefeito, no caso, se comportava como um radical, promovendo e se preparando para fazer manifestações, as piores possíveis, contra a minha presença", disse.
Agora, a homenagem será entregue na semana que vem a Bolsonaro em Dallas, no Texas. No encontro com parlamentares, o presidente disse que a sua presença já foi acertada com o ex-presidente George W. Bush e com o senador republicano Ted Cruz.
"Se eu não posso ser bem recebido em Nova York, seremos no Texas, como está tudo acertado pelo ex-presidente Bush", disse.
"Nós vamos continuar esse trabalho, e há interesse de todos aqui, de aproximação com o mundo todo, em especial no tocante ao comércio", acrescentou.
A decisão de viajar a Dallas, no entanto, dividiu a cúpula do governo. O núcleo militar defendia que ele não fosse aos EUA, enquanto o grupo ideológico articulou a agenda internacional.
Bolsonaro chegou a ser aconselhado a manter a ida a Nova York, mesmo que tivesse de enfrentar protestos.
O café da manhã foi promovido no Palácio do Planalto e articulado pelo ministro da Secretaria de Governo, Santos Cruz, alvo recente de ataques do escritor Olavo de Carvalho. Mesmo com a reação negativa da cúpula militar, o presidente elogiou publicamente o ideólogo de direita.
O prefeito de Dallas, Mike Rawlings, também é do Partido Democrata, mas o estado do Texas é tradicionalmente conservador. O senador Ted Cruz já recebeu a visita de Eduardo Bolsonaro, filho do presidente e uma espécie de chanceler informal do governo.
O cancelamento da viagem a Nova York irritou aliados do presidente nos EUA, que esperavam se encontrar com Bolsonaro e seus principais ministros.