Se proceder acusação, não dá para estar no time, diz líder do PSL sobre Bebianno
Líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP) disse nesta quarta-feira (13) que, se as acusações sobre o ministro Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral) forem procedentes, ele tem que deixar o governo.
“Se proceder alguma acusação, não dá para estar no time de confiança do presidente”, afirmou Olímpio ao deixar um evento em Brasília.
A Folha revelou nesta semana um esquema de candidaturas laranjas do PSL nas eleições de 2018, quando Bebianno estava no comando do partido.
Olímpio disse acreditar que Bebianno ainda conta com apoio do presidente Jair Bolsonaro.
“Ao meu entender, o Bebbiano continua gozando da extrema confiança dele”, afirmou.
Em entrevista ao Jornal da Record, Bolsonaro admitiu a possibilidade da saída de Bebianno.
Bolsonaro afirmou ainda que determinou à Polícia Federal que investigue o caso e que deu carta branca ao ministro Sergio Moro (Justiça).
Filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) não quis falar com jornalistas e saiu antes do fim da posse da nova diretoria do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal.
Reportagem da Folha de domingo (10) revelou que o grupo de Bivar criou uma candidata laranja em Pernambuco que recebeu do partido R$ 400 mil de dinheiro público na eleição. O dinheiro foi liberado por Bebianno.
Maria de Lourdes Paixão, 68, que oficialmente concorreu a deputada federal e teve apenas 274 votos, foi a terceira maior beneficiada com verba do PSL em todo o país, mais do que o próprio presidente Bolsonaro e a deputada Joice Hasselmann (SP), essa com 1,079 milhão de votos.
A candidatura laranja virou alvo da Polícia Federal, da Procuradoria e da Polícia Civil.
Nesta quarta, a Folha revelou ainda que Bebianno liberou R$ 250 mil de verba pública para a campanha de uma ex-assessora, que repassou parte do dinheiro para uma gráfica registrada em endereço de fachada. O ministro nega qualquer irregularidade.
Parlamentares do PSL disseram que o presidente da sigla, Luciano Bivar (PE), em reunião com correligionários, apresentou material que comprovaria a legalidade da candidatura em Pernambuco.
"Assunto de família"
O líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO), afirmou que é preciso haver separação entre os assuntos de governo e da família Bolsonaro.
"Nós somos um governo diferente, em que um filho é vereador, outro é deputado e um terceiro é senador, mas não podemos deixar que as coisas se misturem", afirmou ele após jantar da bancada na noite desta quarta-feira (13). "Governo é governo, família é família."
Segundo o parlamentar, não se pode "crucificar um ministro em razão de um debate".
De acordo com Waldir, a decisão de demitir ou não o ministro é do presidente e os parlamentares não devem interferir. Ele disse porém que é preciso que Bolsonaro avalie quais critérios usará para decidir se retira do Planalto um aliado da campanha eleitoral e colocou panos quentes.
"Tem que ver se essa mentira é motivo para afastar a pessoa que foi o braço direito dele no processo eleitoral, que ajudou a construir o partido", disse. "A quem interessa essa crise? Às vésperas da reforma da Previdência?", questionou.
O deputado sugeriu, no entanto, que o caso do ministro fosse levado Conselho de Ética da Presidência.