Secretária-adjunta dos EUA reafirma apoio ao Brasil na OCDE
Um dia após circular a notícia de que os EUA não haviam cumprido o acordo de apoiar a entrada do Brasil na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o governo Donald Trump foi a público tentar contemporizar a relação com o Planalto.
A secretária-adjunta de Estado americano para o Hemisfério Ocidental, Kimberly Breier, afirmou nesta quarta-feira (8) que os EUA apoiam o Brasil e que, segundo ela, o país está iniciando o processo de adesão para se tornar membro pleno da OCDE.
"De acordo com a declaração conjunta dos presidentes Donald Trump e Jair Bolsonaro [em março, durante visita do brasileiro a Washington], damos boas-vindas às reformas econômicas, melhores práticas e estruturas regulatórias do Brasil, seguindo o padrão da OCDE", escreveu Breier no Twitter.
A mensagem foi comemorada pelo presidente brasileiro que afirmou, também em uma rede social, que a auxiliar de Trump estava reiterando o apoio ao Brasil como membro pleno da organização.
Segundo o jornal Valor Econômico, os EUA mantiveram o impasse sobre a adesão de novos membros na OCDE durante reunião do conselho de representantes da entidade, nesta terça-feira (7). A delegação americana mais uma vez teria dito que não havia instruções para trabalhar pelo ingresso de novos países na organização.
O fato repercutiu mal no governo brasileiro, que encarava o apoio dos EUA para o ingresso na OCDE como seu grande trunfo diplomático desde a viagem de Bolsonaro a Washington, há dois meses.
Na ocasião, o Brasil conseguiu o sinal verde dos americanos em troca de abrir mão de seu "tratamento especial e diferenciado" na OMC (Organização Mundial do Comércio), que dá ao país maiores prazos em acordos comerciais e outras flexibilidades.
Os EUA estão em guerra para realizar uma reforma na OMC. Um dos principais objetivos é acabar com a possibilidade de países se autodefinirem como "em desenvolvimento", classificação, como a do Brasil até então, que garante tratamento especial. Trump afirma que China e Índia, por exemplo, beneficiam-se indevidamente desse mecanismo.
A equipe do ministro Paulo Guedes (Economia) cedeu justamente nesse ponto em uma negociação difícil com o governo americano, que estava dividido. Enquanto o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, advogava em favor do Brasil, o USTR —representante do comércio americano— não queria que Trump anunciasse apoio ao pleito brasileiro.
A aposta da diplomacia brasileira foi que um pedido direto de Bolsonaro, na reunião privada com Trump na Casa Branca, surtisse efeito.
Analistas nos EUA, porém, afirmam que a lista de contrapartidas que deve ser cumprida pelo Brasil para que o país alcance os pré-requisitos da OCDE é extensa e pouco ou nada foi feito até agora para que isso avançasse.