Seis lições do maior bilionário do Brasil
Nesta quinta-feira, tive a honra em participar de painel no Insper com os investidores Jorge Paulo Lemann e Claudio Haddad. O debate foi mediado pelo professor Fernando Schüler e organizado pelo Infinance, que é uma organização estudantil do Insper focada no desenvolvimento dos alunos para o mercado financeiro.
Segundo a Forbes, Lemann é classificado como o homem mais rico do Brasil e ocupa a vigésima nona posição no ranking mundial de bilionários, com uma fortuna de quase US$30 bilhões. Seu reconhecimento remonta do famoso banco de investimentos, o Garantia, e se estende pelos diversos negócios que possui, como a Ambev e sua sociedade com Warren Buffet na Kraft Heinz.
O painel foi uma verdadeira aula sobre os passos para a construção de uma carreira de sucesso e formação de riqueza. E, dentre todas as lições, destaco seis.
Você não precisa inventar
Muitos investidores dispendem grande energia na criação e desenvolvimento de nova tecnologia. Entretanto, acabam aprendendo, com seu próprio prejuízo, que o produto ou serviço não atende ao que os consumidores desejam. Lemann destaca que o foco no atendimento às demandas dos consumidores tem sido um dos elementos chave do sucesso de seus empreendimentos.
Tanto Haddad quanto Lemann lembram que tecnologias comprovadas, que atendem consumidores mundo afora, poderiam ser adaptadas para a realidade brasileira. Para isso, empreendedores poderiam buscar internacionalmente estas novas tecnologias, nos seus respectivos centros de excelência.
O fato de uma inovação ser bem-sucedida pelo mundo não garante o sucesso no Brasil, mas aumentaria as chances destes empreendedores.
Visão otimista
Aqueles que desejam empreender devem ter visão otimista. Os palestrantes entendem a situação econômica do país, mas ressaltam a evolução que ocorreu ao longo dos anos, desde que iniciaram seus negócios.
Para exemplificar a importância dessa atitude, Lemann lembra de quando iniciou o Garantia. Naquele momento, ele sofreu dois reveses: o mercado de ações despencou mais de 50% e uma importante associação com um grande parceiro internacional, que daria suporte à instituição, foi frustrada. Mesmo assim, transformaram aquele empreendimento no banco de investimentos mais reconhecido do país.
Horizonte de longo prazo
Investidores bem-sucedidos tomam decisões avaliando suas consequências no longo prazo. Os brasileiros se acostumaram a acompanhar e investir com horizonte de curto prazo. Essa prática resulta em menores retornos. Tomar decisões apenas olhando para o curto prazo leva a vender quando deveria estar comprando e vice-versa.
Conhecimento
A tentação de seguir investimentos e empreendimentos populares é quase irresistível. A recente escalada do Bitcoin e sua queda de mais de 60% exemplifica ao que estão sujeitos investidores sem conhecimento.
O bilionário acredita que uma das maiores lições que o investidor deve seguir é investir apenas naquilo que conhece e tomar cuidado quando investir baseado apenas em expectativas.
Potencial
Lemann reforça que é necessário avaliar a capacidade de evolução do negócio. Os investidores devem buscar negócios com alto potencial de resultado e crescimento.
Planejamento
Ambos palestrantes ressaltam que é importante planejar o empreendimento antes de investir. Entretanto, Haddad salienta que é necessário realizar não só o planejamento do cenário base, mas planejar o que fazer se esse cenário não se concretizar e mecanismos de separação de sociedades.
Um fator importante no sucesso das carreiras de Lemann e Haddad foi o estudo. Eles se empenharam em suas formações acadêmicas e demonstraram que continuam aprendendo até hoje.
Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.