Sem "Deus", Suécia ruma ao paraíso
A Suécia virou “atéia” e está se dando muito bem.
Por anos, Ibrahimovic foi o dono da seleção sueca. Com “Deus”, como ele mesmo se chama, a Suécia viveu em função dele. Ibra estreou em 2001 e a partir de 2006 era um intocável.
Em 2016, cansado de mais um fracasso na Euro, Ibrahimovic anunciou sua saída. Mas continuou usando seu poder midiático para cornetar os colegas.
E para se autopromover. Na segunda-feira, quando Lebron James foi anunciado pelo LA Lakers, ele postou: “Los Angeles agora têm um Deus e um Rei”, brincando com o apelido King James do astro da NBA.
Ibrahimovic foi uma estrela desde muito jovem. Estreou aos 17 no Malmoe e logo virou a sensação do país. Aos 19 anos, foi para o Ajax por 18 milhões de euros, preço recorde pago por um sueco. Depois, passou por Juventus, Inter, Barcelona, Milan, PSG e Manchester Utd. Em nenhum, ficou mais de quatro anos.
O problema era sempre o temperamento.
Mas, na Suécia, ainda que amargasse fracassos, seu narcisimo e egoísmo foi tolerado em nome de seu talento. Disputou quatro Copas. Em duas vezes –em 2002, como reserva, e 2006–, os suecos pararam nas oitavas. Em 2010 e 2014, nem passaram das eliminatórias –igualando os recordes negativos de 1962-66 e 1982-86. Na Eurocopa, foram quatro participações, sempre piorando, até terminar em último no grupo, com um ponto.
Quando Ibrahimovic anunciou sua renúncia da seleção, parecia o fim –e um alívio–, mas foi o recomeço. Na primeira tentativa, a Suécia conseguiu voltar à Copa, eliminando a Itália.
Em vez de parabenizar os colegas, cobrou publicamente uma vaga na Rússia. Desta vez a Suécia lhe disse não.
Zlatan, ao seu modo, previu o fracasso de seus colegas.
Mas pela primeira vez desde 1994, a Suécia chegou às quartas. Já é a segunda melhor campanha em 40 anos.
Em Los Angeles, “Deus” deve estar com cara de bobo.