Sempre que Milner faz gol no Inglês, seu time nunca perde
Terceiro colocado no Campeonato Inglês, com 27 pontos (dois atrás do líder, o Manchester City), o Liverpool tem uma série de, ao menos no papel, opções muito bem qualificadas para o meio-campo.
Henderson, Lallana e Oxlade-Chamberlain (todos selecionáveis da Inglaterra); Wijnaldum (seleção holandesa), Fabinho (seleção brasileira); Keita (seleção guineense).
A recente contratação dos dois últimos, na soma dos valores, custou aos Reds aproximadamente € 110 milhões (R$ 467 milhões pelo câmbio atual).
Mas, dos citados, só Wijnaldum tem sido titular com frequência na equipe de Jürgen Klopp, que também faz boa campanha na Liga dos Campeões da Europa, da qual é o atual vice-campeão.
Ox-Chamberlain está em fase final de recuperação de grave lesão, sem chance por enquanto de disputar vaga no time.
Os demais têm suado nos treinos para tentar desbancar Wijnaldum e também um jogador mais velho, de 32 anos, que tem sido escolhido quase sempre pelo treinador alemão para começar as partidas: James Milner.
Quais suas qualidades?
A liderança é uma delas. Milner (pronuncia-se como se escreve) herda a braçadeira de capitão quando Henderson está ausente.
Outra é a experiência. Ele estreou na Premier League em 1992, com apenas 16 anos, pelo Leeds United, e antes de chegar ao Liverpool, em 2015, defendeu Newcastle, Aston Villa e Manchester City (com o qual ganhou duas taças da Premier League, em 2012 e em 2014).
Milner também é versátil. Pode atuar como volante, meia ou ala (pelos dois lados). Destro, até na lateral esquerda atuou, seguidamente, na temporada 2016/2017, porque o então titular, Alberto Moreno, estava em péssima fase.
E há a confiabilidade na cobrança de pênaltis. É o principal batedor do Liverpool, e vê-lo errar é raro. Em 15 tentativas, por todas as competições, converteu 13.
O aproveitamento, de 87%, é similar ao índice de acerto em penalidades máximas obtido por Neymar, de 88% (15 de 17), e por Cristiano Ronaldo, de 86% (73 de 85), em campeonatos nacionais por clubes europeus.
Porém o que mais impressiona na carreira de Milner na Premier League tem relação com o que acontece quando ele faz gol em um jogo: seu time não perde.
Coincidência? Pode ser. Mas em todos os jogos nos quais ele balançou as redes, sua equipe sempre ganhou ou empatou.
Milner, então jogador do Aston Villa, comemora gol contra o Wigan na Premier League de 2010; seu time ganhou por 2 a 1 (Jon Super – 16.mar.2010/Associated Press)
Neste domingo (4), aconteceu de novo. Aproveitando rebatida do goleiro Leno, do Arsenal, Milner chutou forte para abrir o placar no estádio Emirates, em Londres.
O Arsenal até conseguiu empatar, mas a virada não veio, e o meia manteve a escrita.
O gol contra os Gunners foi o de número 50 no Inglês em sua carreira, marcados em 49 jogos – cinco pelo Leeds, seis pelo Newcastle, 12 pelo Aston Villa, 13 pelo Man City e 13 pelo Liverpool.
Nesses confrontos (fez dois gols em somente um, Liverpool 5 x 1 Hull City, em 2016), ele saiu de campo com a vitória em 38 e com o empate em 11.
Repito: pode ser coincidência. Mas que ela insiste em ser reincidente, insiste. Tem sido assim por longos 16 anos – em 2002, boa parte dos adolescentes que adoram ver a Premier League nem tinha nascido.
Em tempo 1: Nesta terça (6), o Liverpool vai a campo pela Champions League, contra o Estrela Vermelha, na Sérvia, e Milner deve jogar. Como é seu desempenho em competições internacionais, quando faz gol? Em oito partidas, seis vitórias (uma delas na atual Champions, 3 a 2 no Paris Saint-Germain), um empate e uma derrota (Newscastle 1 x 2 Deportivo La Coruña pela Copa Intertoto, em 2005).
Em tempo 2: E no total? Milner fez ao menos um gol em 72 partidas oficiais. Nelas, seu time registrou 54 vitórias, 14 empates e 4 derrotas, a última em fevereiro de 2010, ainda pelo Aston Villa. Desde então existe uma sequência de 39 partidas, em mais de oito anos e meio, que quando Milner faz gol seu clube não perde.