'Show dos Famosos' chega ao fim, e artistas dizem quão desafiador foi estar na atração
Rio de Janeiro
A um dias da final do Show dos Famosos, o clima nos bastidores do quadro do Domingão do Faustão (Globo) é de amizade entre os competidores: Naiara Azevedo, Helga Nemeczyk, Mumuzinho, Silvero Pereira e Tiago Abravanel.
“Vai ser babado. Entrei uma Nayara e estou saindo outra completamente diferente”, disse Azevedo, animada. “Acho que, em resumo, é a última tacada. A gente tem que dar tudo o que vivemos nesse processo incrível, estressante e emotivo”, completou Abravanel.
Os artistas foram unânimes ao dizer que a experiência de participar do reality, que durou três meses e teve 64 apresentações ao todo, lhes proporcionou momentos de transformação, superação, aprendizado e amadurecimento.
“Exercitamos aqui a nossa humildade e nosso desprendimento do ego. Todo artista é um pouco carente. Se escolhemos essa profissão, é porque queremos aplauso. E ver algumas pessoas que não gostam da gente, pega um pouco. É preciso saber lidar com isso. E o bom é você perceber que com este desafio você é capaz de superar alguns limites. É uma evolução para o nosso trabalho artístico”, afirmou Nemeczyk.
A artista conta que ficou com medo de machucar suas cordas vocais ao fazer a performance de Janis Joplin, pela qual recebeu nota 10 de todos os jurados, e que se tivesse tido mais tempo, teria performado melhor como Madonna.
Ela, no entanto, não se rendeu às críticas maldosas que sofreu na web ao longo do programa: “Internet é terra de ninguém (...) Meu pai morreu há pouco tempo e uma pessoa me disse que ele deveria estar se revirando no túmulo. É ridículo. Então não temos que dar ouvidos a críticas assim. Mas tem pessoas que escrevem coisas construtivas, coerentes, pertinentes. Eu procuro responder e curtir todo mundo, porque estou aqui para o público.”
Mumuzinho, que recebeu elogios de Alcione, disse que a homenagem que fez à sambista foi uma de suas preferidas. Stevie Wonder também integra sua lista de preferências. Já a performance como Péricles foi sofrida.
O cantor afirmou também que ficou sem entender alguns questionamentos dos jurados.
“Quando fiz o Péricles, sofri um bocado. Tem todo um tamanho, um jeito de andar, que não era a minha região. E eu ouvi que eu estava em uma zona de conforto, por ser do gênero samba. Isso mexeu comigo. A gente foi passando por desafios. Aprendi muito também que é preciso não somente ter o canto, mas também a atuação. São vários quesitos que a gente vai passando e o que a gente quer mesmo é fazer bem, homenagear.”
Nayara Azevedo elegeu a apresentação como Joelma a sua melhor performance, e revelou que foi no dia em que cantou Girls Just Want To Have Fun, de Cyndi Lauper, que aprendeu a entender os seus limites. Há 45 horas sem dormir, a sertaneja havia feito cinco shows antes de pisar no palco do Domingão e não tinha mais voz para fazer os agudos característicos da cantora homenageada.
“Estava super desgastada, mas por eu ser jovem e hiperativa achei que ia tirar de letra. Só que eu cheguei ao meu limite. Não tinha forças para levantar os braços. Ali eu entendi que não sou uma máquina. Quando ouvi a Claudia falando que eu não consegui alcançar a voz da Cyndi, ela tinha razão e eu me calei. Não cabia eu me justificar ali. Topei o desafio e tinha que executar.”
Azevedo aproveitou para fazer um adendo bem-humorado: “O quadro do Show dos Famosos tem uma mistura com o Se Vira nos 30. Meus amores, vocês não imaginam o que a gente passa. Todos os dias para mim foram um grande desafio”.
O ator Silvero Pereira, que encarnou astros da música como Ney Matogrosso, Freddie Mercury, Cher e Steven Tyler, chegou até a montar seu próprio espetáculo de performances: o SILVERSHOW, que acontece nos dias 13 e 14 de julho em Fortaleza e tem pretensão de rodar o país.
Sobre sua trajetória no Show dos Famosos, ele avalia que talvez pudesse ter feito melhor a sua performance de Pabllo Vittar, mas se perdoa porque foi a primeira apresentação, sem a consciência técnica e gestual que aprendeu ao longo do quadro.
Com a voz embargada de emoção, Pereira disse: “Fui uma criança que não teve quase nenhuma referência. O Ney Matogrosso é importante para mim porque foi a única referência que tive na infância sobre um artista homossexual. Para mim, hoje é muito importante dizer quem eu sou: bicha, nordestino, que veio de um lugar muito pobre. Existe uma galera que é assim e que precisa se sentir representada”.
O ator mantém segredo sobre o número que vai apresentar na final do programa, mas garante que vai continuar coerente com as antigas escolhas e que seu objetivo principal é passar mensagens sociais a partir das performances.