São Paulo tem as piores pizzas do mundo: confira as mais bizarras
Estamos a uma semana do 7 de Setembro, dia de civismo, patriotismo e louvor cívico. Aproveitarei os próximos posts para discutir a culinária brasileira.
Começo aqui em casa, na cidade de São Paulo. Comida de paulistano é pizza. O nativo bate no peito com orgulho para avacalhar as pizzas do resto do Brasil – e, às vezes, até mesmo as da Itália.
Já usei este espaço para desmistificar essa noção sem noção. São Paulo tem boas pizzas, sim, mas os exemplares horrendos superam numericamente os que atingem a nota de corte.
São Paulo tem algumas das piores pizzas do mundo. Claro que há outras tão ruins espalhadas pelo mundo, mas é improvável que alguém consiga empurrar o mau gosto ainda mais para baixo.
Desta vez, usarei exemplos para demonstrar minha tese. Vamos lá.
Meu prédio recebe semanalmente duas ou três filipetas de pizzarias de entrega. Eu as ignoro, mas meu filho de 5 anos traz para casa qualquer papel que fique sobre a mesa da portaria. Assim, fui examinar o espécime que aparece na foto abaixo
Cardápio de pizzaria de entrega em Perdizes (foto: Marcos Nogueira)
Comecemos pelo item 66, a Ferrari. Lombo especial (?), ervilha (!), catupiry e molho rosé (!!!!).
Para a 70 agora. Seis queijos. Haja sobra de queijo velho.
De lá para os números 82, 83 e 84. Variações sobre o estrogonofe. Mano do céu.
Para finalizar, a 88 (bolonhesa) e a 89 (coração de frango). Onde essas pessoas acham que estamos? Porto Alegre?
Dos folhetos para os serviços de entrega pela internet. Uma pizzaria catarinense que montou loja 24 horas em Pinheiros. O site obriga o cliente a escolher o tipo de massa, que pode ter recheios diversos na borda. Um desses recheios é de chocolate – e a massa pode ser combinada com qualquer sabor do cardápio. Escolha possível: atum com cebola e borda recheada com chocolate.
Outra pizzaria tem fixação por uma praga que costuma acometer os restaurantes japoneses, não os italianos: cream cheese. A coisa pode aparecer na cobertura ou no recheio da borda. Uma amostra de sabor: brócolis, tomate seco, bacon e cream cheese.
Não esqueçamos que o Habib’s também faz pizza.
Um boteco da Bela Vista que entrega pizzas gosta dos nomes engraçadinhos. Tem a x-car-alho, que leva calabresa e alho (é preciso investigar de onde eles tiraram a sílaba “car”) e a chana, com aliche e molho picante. Passemos da forma para a substância: uma das opções do cardápio é coberta com carne moída, ovos cozidos, ervilha, bacon, queijo e coentro. Coentro, meus amigos. É preciso ser o maluco do Greigor Caisley para fazer esse ingrediente funcionar numa pizza.
No Butantã, um pizzaiolo resolveu criar um sabor que une filé mignon na chapa, molho barbecue, requeijão e cogumelos. Pode vir com a borda recheada de queijo com goiabada, se o cliente assim quiser. Para acompanhar, vinho de pêssego.
Um comércio da Ponte Pequena que se autodenomina pizzaria gourmet avalia que é sensato oferecer uma espécie de pizza que une salmão com cream cheese e cebolinha, sob o nome de temaki.
Outro estabelecimento da Bela Vista decidiu investir no surf and turf, tendência que mescla sabores da terra e do mar. Desconfio, contudo, que a mente criadora dos sabores de pizza ignore o que é tendência. Duas iguarias exclusivas da casa chamaram-me a atenção. A chinesa (pobres chineses, o que eles fizeram?) empilha sobre a massa frango, aliche, bacon e queijo. Já a paulistinha (e nós, paulistas, merecemos?) tem atum, calabresa, mussarela e provolone. Depois tem gente que reclama do frango com catupiry.
Uma tendência na cidade busca mesclar o imiscível: pizza e fitness. Já tenho pelo menos dois seguidores no Instagram que investem nessa linha. Massa sem glúten, queijo sem lactose, conjunto sem graça. Uma casa descoladinha do Largo da Batata acha bacana inovar nos sabores da massa: batata-doce, couve-flor, brócolis e mandioca são algumas opções. Para cobrir os discos, pernil com chutney de manga. Besta e abominável.