São Paulo vence e termina o primeiro turno na liderança
Com 41 pontos, o time paulista tem três de vantagem sobre o Internacional, que chegou à segunda posição após derrotar o Paraná por 1 a 0 também neste domingo. Ultrapassou o Flamengo (37 pontos), derrotado por 3 a 0 pelo Atlético-PR.
Desde que o Brasileiro passou a ser jogado no sistema de pontos corridos, em 2003, apenas três vezes o clube que terminou o primeiro turno na liderança não foi campeão. Grêmio (em 2008), Internacional (2009), e Atlético-MG (2012) foram vices.
"Há três meses, ninguém acreditaria que o São Paulo terminaria o turno na liderança. Futebol é assim", disse o técnico uruguaio Diego Aguirre após a vitória sobre a Chapecoense.
Quem for mais longe vai lembrar que a briga do time no Brasileiro do ano passado foi contra o rebaixamento.
A última vez em que o São Paulo finalizou o primeiro turno na primeira posição foi em 2007. Acabou campeão. Na época, a equipe era dirigida por Muricy Ramalho.
Os 41 pontos obtidos agora são seis a menos do que os 47 conquistados pelo Corinthians no ano passado após as mesmas 19 rodadas. O clube de Parque São Jorge ficou com o título ao final da temporada.
O São Paulo não teve problemas consideráveis para derrotar a Chapecoense, mesmo sem jogar bem. Foi ajudado pelo indigente futebol do adversário.
Se a esperança dos catarinenses era segurar o resultado e esperar que os donos da casa cada vez mais se lançassem ao ataque, o plano fez água logo no início. Com dois minutos de jogo, o São Paulo já estava na frente graças ao gol de Shaylon.
Aguirre atribuiu a queda de rendimento ao cansaço físico dos jogadores. Na última quinta (16), o time jogou na Argentina, onde foi eliminado da Copa Sul-Americana pelo Colón, nos pênaltis.
A longo prazo, essa queda pode ser benéfica. O São Paulo terá as 19 rodadas finais do Campeonato Brasileiro como sua única prioridade. Não está mais na Copa do Brasil ou Sul-Americana. Não está classificado para a Libertadores. Isso significa que o técnico terá 11 semanas inteiras, sem interrupções, para treinar a equipe.
O Flamengo, por exemplo, também está na Libertadores e Copa do Brasil. O mesmo vale para o Grêmio (atual quarto colocado).
Quando recebeu um mês para preparar o elenco, durante a interrupção do Brasileiro por causa da Copa do Mundo, Aguirre fez o São Paulo subir de rendimento.
Por causa do desgaste, o uruguaio decidiu que o time daria a bola para a Chapecoense e não faria questão de ter a posse. O propósito era esperar o erro do rival para sair no contra-ataque. Não é uma estratégia inovadora, mas vem dando certo.
Neste domingo ficou mais fácil porque o gol saiu cedo e o adversário foi obrigado a sair mais para o jogo.
"Para mim o time está cada vez melhor. Talvez não fizemos o melhor jogo [contra a Chapecoense], mas sinto que estamos pegando muita confiança. Vamos com postura de time grande, um time que tem que ganhar, e isso eu valorizo muito", completou o treinador.
Mesmo na etapa final, quando caiu de rendimento e viu a Chapecoense crescer, não correu perigo. Percebendo que precisava mudar algo, Aguirre colocou Nenê em campo. O meia de 37 anos fez com que a qualidade do passe melhorasse. Outro substituto, Hudson, marcou o segundo gol.
O discurso oficial é que os jogadores devem manter os pés no chão. É normal porque faltam ainda 19 partidas. Mas após as campanhas ruins dos últimos anos, a conquista (mesmo que simbólica) do primeiro turno faz com que o torcedor sonhe com a volta dos tempos em que o São Paulo fez do Campeonato Brasileiro o seu latifúndio. Entre 2006 e 2008, a equipe venceu o torneio três anos seguidos.
Desde então, não ganhou mais.
No geral, o jejum é de seis anos. O último título de expressão do São Paulo foi a Copa Sul-Americana de 2012, contra o Tigre (ARG).
"É um sonho nosso. Não são só os torcedores que estão empolgados. Mas precisamos ter calma e controle, saber que nada está definido", afirmou Nenê.