Sri Lanka culpa grupo jihadista por ataques que mataram 290 pessoas na Páscoa
O governo do Sri Lanka apontou o grupo jihadista NTJ (National Thowheeth Jama'ath, ou Organização Nacional Monoteísta, em tradução livre) como responsável pelos ataques a igrejas e hotéis do país que deixaram 290 mortos e 500 feridos no domingo de Páscoa.
Rajitha Senaratne, ministra da Saúde, disse que se trata de uma organização local, mas que teve ajuda de grupos internacionais. "Os documentos de inteligência reportam que organizações terroristas estrangeiras estão por trás dos terroristas locais", disse ela, em entrevista coletiva. O Sri Lanka pediu ajuda de outros países para ajudar a investigar os ataques.
Nenhum grupo reivindicou a autoria das ações. A suspeita é que as explosões, registradas em oito pontos em três cidades, tenham sido causadas por homens-bomba.
O governo decretou nesta segunda-feira (22) a entrada em vigor do estado de emergência a partir da 0h de terça-feira (15h30 de segunda em Brasília).
O estado de emergência aumenta os poderes das forças de segurança, que poderão interrogar e prender suspeitos sem ordem judicial. Até agora, foram detidas 24 pessoas por suspeita de relação com os ataques.
Colombo decretou ainda um dia de luto nacional para terça-feira. O Sri Lanka não registrava um cenário de tamanha violência desde o fim da guerra civil, há dez anos.
Em poucas horas no domingo, várias bombas espalharam morte e desolação em hotéis de luxo e igrejas católicos que celebravam a Páscoa em vários pontos do país. Ao todo, 290 pessoas morreram e 500 ficaram feridas
Uma nova explosão ocorreu nesta segunda em uma van que estava perto de uma igreja. A bomba detonou enquanto agentes tentavam desarmá-la, segundo a agência Reuters. Não há informações sobre feridos.
Também nesta segunda, a polícia encontrou 87 detonadores de bombas em um terminal de ônibus de Colombo.
Dez dias antes dos ataques, um policial avisou as autoridades de segurança sobre uma possível ameaça do grupo NTJ às igrejas do país. O comando da segurança do país disse que não chegou a receber o alerta.
O país tem um longo histórico de tensão entre a maioria budista e as minorias hindu, muçulmana e cristã.
Segundo o último censo, de 2012, 75% da população do país são budistas, 12,6 % são hindus, 9,7% são muçulmanos e 7,6% são cristãos (sendo a maioria católica).
Após o ataque, o governo decretou um toque de recolher e bloqueou acesso a redes sociais e a aplicativos de mensagens, como Facebook e WhatsApp, com a intenção de evitar o surgimento de boatos.
Nesta segunda-feira, o papa Francisco voltou a condenar o ataque em Sri Lanka. "Peço a todos que não hesitem em oferecer toda a ajuda necessária a essa querida nação. Espero que todos condenem esses atos terroristas e inumanos, jamais justificáveis", disse ao público reunido na praça de São Pedro durante as celebrações da segunda-feira de Páscoa, feriado na Itália e no Vaticano.