Startup Green Mining conduz para reciclagem garrafas de bares
A destinação correta dos vasilhames de vidro é complexa no Brasil. Apesar de o material ser completamente reciclável, não há um circuito azeitado que una todas as partes da cadeia. Há poucas fábricas produtoras de vidro, os fornos são muito caros, as distâncias entre polos consumidores e produtores são enormes, o material é distribuído capilarmente, é pesado, não é compactável e é quebrável.
Desde março, uma startup atua para fazer a logística reversa da indústria de bebidas, a que mais usa vidros, e dos revendedores, bares, restaurantes e algumas padarias. O processo não envolve custo para os pontos de venda. A Green Mining faz parte da Aceleradora 100+ da Ambev, lançada em junho de 2018, que selecionou empreendedores com propostas inovadoras para solucionar gargalos sociais e ambientais.
Com bicicletas adaptadas, funcionários da Green Mining percorrem o bairro de Pinheiros coletando garrafas de vidro de bares e restaurantes e depositam em um ponto de recebimento. Atingido o peso padrão de um caminhão de 5 toneladas o material é embarcado para a fábrica de vidros da Ambev, no Rio de Janeiro. Lá, as garrafas de uso único são recicladas. E viram novas garrafas.
As retornáveis passam pelo processo de limpeza e são reusadas. As garrafas retornáveis podem ser reutilizadas no processo produtivo cerca de 20 vezes. Segundo a Ambev, uma em cada quatro garrafas vendidas pela fabricante de bebidas nos mercados já segue esse padrão e o número deve aumentar nos próximos anos. Com dados de vendas da cervejaria, a startup identifica locais de grande concentração revenda de bebidas e, consequentemente, volume de garrafas a serem coletadas e tratadas de alguma forma. Faz contato com os comerciantes e se propõe a coletar e o material.
Feito o acordo, são instaladas pequenas coletoras e regularmente passam as bicicletas para coletar as garrafas. “Temos contrato sem data final com a Ambev. Nosso negócio é completamente aberto e ele cresce organicamente. Nossa ideia é instalar hubs de coleta nas regiões de alta concentração de vendas. Assim nossos coletores, de bicicleta, percorrem distâncias não muito grandes, de 2 km”, diz Rodrigo Oliveira, CEO da Green Mining.
Atualmente, os funcionários da coleta foram selecionados num programa de capacitação de catadores de recicláveis. Em Pinheiros, a startup estabeleceu parceria com a Goose Island, no largo da Batata, para manter ligação mais forte com o bairro. Em quatro semanas, 30 bares e restaurantes já fazem parte do circuito e foram coletadas mais de cinco toneladas de garrafas de vidro.
Ancorada desde 2016 no largo, a fábrica de cervejas artesanais ajuda a divulgar a iniciativa e ampliar o número de estabelecimentos que usam o sistema. “Temos muito interesse em valorizar o bairro e criar elos entre as pessoas daqui. Muitos bares têm dificuldades de descartar o vidro corretamente e essa é a solução feita do tamanho certo para eles”, diz Thiago Leitão, gerente de marketing da Goose Island.
O Pitico, na rua Guaicu, aderiu recentemente ao sistema. Cecilia Loureiro, do Pitico, diz que o bar já vinha tentando fazer coleta correta. “Vimos como é difícil arrumar quem recicle vidro. Por isso a iniciativa nos interessou”. Ela diz que ainda está estudando a melhor forma de informar a clientela sobre a separação adequada. “Muitos ainda jogam as garrafas em local errado”, afirma.