Superlativo, 'O Quebra-Nozes' é fantasia elegante e colorida

Novembro mal começou, e a nova produção da Disney já se encarrega de espalhar o cheiro do Natal no ar com o vistoso “O Quebra-Nozes e os Quatro Reinos”. É mais uma investida em live action do estúdio americano voltada ao público infantojuvenil.

Em 2017, foi a vez de o clássico “A Bela e a Fera” ser interpretado por atores. Há menos de três meses, a turma do ursinho Pooh chegou aos cinemas rodeada por amigos de carne e osso em “Christopher Robin – Um Reencontro Inesquecível”.

Até o próximo ano, estão programadas as estreias de “O Retorno de Mary Poppins”, “Dumbo” e “Aladdin”. 
Inspirado no famoso conto natalino “O Quebra-Nozes e o Rei dos Camundongos”, de E. T. A. Hoffmann, escrito em 1816, e na adaptação de Tchaikovsky para o balé, de 1892, o longa-metragem se vale de fragmentos da obra original e da liberdade criativa para apresentar um outro lado da fábula sobre uma menina e seu soldadinho de madeira.

Clara (Mackenzie Foy) é uma jovem inteligente e corajosa que sofre pela recente morte da mãe. Às vésperas do Natal, ela ganha um presente singular que precisa de uma chave especial para ser aberto —clima meio parecido ao de “A Invenção de Hugo Cabret” (2011).

Com a ajuda de seu padrinho Drosselmeyer (Morgan Freeman), a garota parte em busca do objeto e se depara com um mundo fantástico e misterioso, habitado por criaturas curiosas como a fada Plum (Keira Knightley), o rei Rato e o capitão Phillip (Jayden Fowora-Knight), o tal soldado quebra-nozes.

Esse belíssimo universo paralelo passa a ser ameaçado por Mother Ginger (Helen Mirren), a temida rainha do quarto reino. Clara, então, recebe o chamado para salvar a todos e embarca numa típica jornada do herói. Recusa, aceitação, autoconhecimento, aliados e inimigos, provações, aprendizado, recompensas... Uma fórmula bastante gasta em termos narrativos.

Mas o filme dos diretores Lasse Hallström, de “Quatro Vidas de um Cachorro” (2017), e Joe Johnston, de “Capitão América - O Primeiro Vingador (2011)”, é grandioso por outras razões.

A fotografia exuberante, os efeitos especiais e os figurinos luxuosos, impecáveis, garantem os olhares grudados na tela. A caprichada trilha sonora, embalada pelas notas potentes de Tchaikovsky, conforta os ouvidos. O elenco afinado confere charme à trama pouco sofisticada (destaque para uma atuação tresloucada e divertida de Knightley).

A surpresa maior, porém, acontece quando o cinema vira palco de um lindo (e breve) espetáculo de balé, protagonizado por Misty Copeland —principal bailarina do American Ballet Theatre a primeira dançarina negra a ocupar o posto. Difícil não se emocionar diante da sequência suave de pliés, relevés e piruetas.

Na base dos superlativos, “O Quebra-Nozes e os Quatro Reinos” traz uma fantasia elegante e colorida, cheia de ação, aventura, magia e também permeada por elementos sombrios. Uma produção com a cara —e o orçamento— da Disney; ou seja, sem miséria na hora de tentar impressionar os espectadores.
 

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