Suprema Corte israelense autoriza entrada de americana acusada de boicote
A Suprema Corte israelense autorizou nesta quinta (18) que a estudante americana Lara Alqasem, 22, entre no país. Ela estava detido desde o início do mês em um aeroporto próximo a Tel Aviv sob acusação de ter apoiado o boicote contra o Estado judaico.
A decisão criticou as autoridades israelenses por impedirem a entrada da estudante, que tem avós palestinos e é ex-presidente da agremiação Estudantes pela Justiça na Palestina, da Universidade da Flórida, grupo que apoia o movimento de boicote.
Segundo o tribunal, a decisão do governo israelense de impedir a entrada dela deixa uma "clara impressão" de ter sido feita por motivação política. Para os juízes, isso representa "um passo radical e perigoso que pode levar a derrubada das fundações que sustentaram a democracia de Israel".
Ela foi barrada no aeroporto Ben Gurioin, que serve Tel Aviv, no dia 2 de outubro, apesar de ter um visto de estudante.
A decisão desta quinta reverteu uma de um tribunal inferior do último dia 12, que tinha determinado que ela deveria permanecer sob custódia enquanto apelava.
Alqasem está registrada para estudar direitos humanos na Universidade Hebraica de Jerusalém, que apoiou a apelação da estudante e disse que sua detenção prejudicava sua reputação internacional.
"A decisão da Suprema Corte é uma vitória da liberdade de expressão, da liberdade universitária e do Estado de Direito", disseram os advogados da americana em nota.
Mas o ministro de Turismo de Israel, Yariv Levin, criticou a decisão, que classificou como vergonhosa. Para ele, os juízes "continuam agindo contra a democracia de Israel e contra os deputados do Knesset [o parlamento do país]".
No ano passado, os deputados aprovaram uma lei que bane do país qualquer estrangeiro que "professe publicamente o boicote a Israel" e o governo costuma fazer críticas públicas aos juízes da Suprema Corte, os acusando de serem muito liberais em relação aos palestinos.
No caso de Alqasem, o tribunal aceitou o argumento de seus advogados de que ela interrompeu suas atividades a favor do boicote em abril de 2017 e que passou a estudar o Holocausto. Um dos juízes, porém, afirmou que caso ela volte a promover o boicote, ela poderá ser deportada.
O governo israelense ainda não anunciou se vai recorrer da decisão e ainda não foi divulgado se ela já deixou o aeroporto.