Tem que internar quem acha que reforma da Previdência não é necessária, diz Guedes
O ministro Paulo Guedes (Economia) travou, mais uma vez, um embate com deputados durante audiência pública no Congresso, nesta quarta-feira (3).
Ao dizer que quem é contrário à reforma da Previdência tem que ser internado, Guedes protagonizou mais uma discussão com oposicionistas na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, que deve votar até meados de abril a proposta que endurece as regras de aposentadorias e pensões.
"Quem acha que [a reforma da Previdência] não é necessária é um problema sério. É caso de internamento. Tem que internar.”
A oposição reagiu imediatamente, alegando que a internação não seria democrática.
Filho do presidente Jair Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) gritou: “É doente mesmo!”
Guedes teve de baixar o tom.
"Eu não estou dizendo que precisa internar quem não aprovar essa reforma [enviada pelo presidente Bolsonaro]. Tem que internar quem não entender que precisa haver uma reforma".
Mas isso não foi suficiente. A confusão não foi amenizada e o presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR), ameaçou encerrar a sessão.
Guedes tentou novamente corrigir a frase: "Nada contra suas soluções […] Eu jamais diria que tem que internar alguém que discorda de mim. Quem não reconhecer seria um caso de internação. Você pode ser totalmente contra e você não precisa ser internado."
Francischini conseguiu controlar os ânimos e o ministro voltou a defender a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que altera as regras de aposentadoria.
“Ao contrário do que vocês possam pensar, eu estou bastante otimista. Estou otimista por uma razão muito simples; eu sei que vocês sabem que é necessária uma reforma. Pode ser que não seja essa; pode ser outra”.
Guedes participa de debate na CCJ para responder a perguntas de deputados. A CCJ é a primeira etapa de análise da PEC na Câmara.
Ainda nesta quarta, Guedes e oposicionistas discutiram outras duas vezes.
Em uma delas, o ministro atacou parlamentares de esquerda depois de ser interrompido pelo deputado Ivan Valente (Psol-SP), que fez pergunta sobre eventual retirada de direitos de domésticas.
“Vocês estão há quatro mandatos no poder. Por que não votaram imposto sobre dividendos? Por que deram benefícios para bilionários? Por que deram dinheiro para a JBS? Por que deram dinheiro para o BNDES?”, disse o ministro.