Trump defende Kim em caso de americano que morreu após prisão na Coreia do Norte
O presidente americano, Donald Trump, deixou o Vietnã sem um acordo sobre a desnuclearização norte-coreana, mas não sem causar controvérsia.
A polêmica da vez envolve um estudante americano que morreu após ficar detido por 17 meses no país do ditador Kim Jong-un.
Durante a coletiva em que anunciou o fracasso da segunda cúpula bilateral, o republicano disse acreditar que Kim não era responsável pela morte de Otto Warmbier, em 2017.
O estudante, que tinha 22 anos, morreu poucos dias após ser liberado, em coma, da detenção na Coreia do Norte.
“Ele me diz que não sabia disso, e eu vou acreditar na palavra dele”, afirmou o presidente, ao ser questionado por um jornalista.
Os pais de Warmbier reagiram à resposta do presidente e disseram que, durante a cúpula, mantiveram o respeito pelo encontro.
“Agora, devemos falar. Kim e seu regime diabólico são responsáveis pela morte de nosso filho Otto. Kim e seu regime diabólico são responsáveis por crueldade e desumanidade inimagináveis. Nenhuma desculpa ou elogio pomposo podem mudar isso.”
Em dezembro, a família Warmbier ganhou um processo de US$ 500 milhões em uma corte federal contra a Coreia do Norte.
O juiz determinou que o regime norte-coreano era responsável por tortura e morte extrajudicial de Otto, que foi detido aos 21 anos em Pyongyang, em janeiro de 2016, depois de participar de um tour na Coreia do Norte.
Ele foi acusado de pegar um pôster de propaganda do país.
Em 2017, Trump criticou o regime de Kim pelo tratamento que deu a Warmbier e convidou os pais do estudante a participar do discurso anual à nação de 2018.
Mas o presidente abruptamente mudou de tom após o primeiro encontro com Kim, em Singapura, em junho do ano passado.
Desde então, tem buscado um relacionamento mais próximo do ditador norte-coreano.
Na cúpula que terminou sem acordo em Hanói, capital do Vietnã, Trump se referiu a Kim como amigo e destacou a relação de ambos.
“Eu acho realmente que algo horrível aconteceu a ele, e eu não acredito que a alta liderança sabia disso”, afirmou. “Eu não acredito que ele teria permitido que isso acontecesse. Não seria vantajoso para ele permitir que isso acontecesse.”
Ao defender o ditador norte-coreano, o presidente americano recebeu críticas de congressistas republicanos.
“Eu não vejo o líder da Coreia do Norte como alguém que seja amigo”, disse o líder da minoria republicana na Câmara, Kevin McCarthy.
“Nós sabemos o que aconteceu com Otto. Nós sabemos o que esse país fez. Eu apoio o presidente no esforço para desnuclearizar, mas eu não tenho uma concepção errada de quem esse líder é.”
Por enquanto, não há sinais de uma nova cúpula entre os dois países para tentar chegar a um acordo sobre o programa nuclear norte-coreano.
Nos Estados Unidos, o presidente tem sido criticado pela aparente dificuldade de negociar não só pactos bilaterais, mas com o Congresso em temas domésticos, como imigração e orçamento.
Enquanto isso, autoridades pedem que os dois lados mantenham o diálogo para conseguir um acordo de desnuclearização da Coreia do Norte.
Na ONU, a presidente da Assembleia Geral, Maria Fernanda Espinosa, elogiou os esforços bilaterais de negociar o tema e disse ser um passo importante, “porque um mundo livre de armas nucelares é um mundo muito mais seguro para gerações futuras, para nossa geração.”
Na quinta-feira, a cúpula entre Estados Unidos e Coreia do Norte para tratar do programa nuclear do país asiático foi encurtada porque os dois lados não chegaram a um acordo sobre a retirada de sanções impostas pelos EUA.
Trump qualificou ainda os encontros com Kim de “interessantes e produtivos”, mas disse que os Estados Unidos decidiram não fechar nada para não assinar um acordo que fosse ruim.