Turquia divulga imagens de agentes sauditas suspeitos pelo desaparecimento de jornalista
Imagens de câmeras de segurança divulgadas pela imprensa turca nesta quarta-feira (10) mostram a chegada de uma suposta equipe saudita a Istambul no dia do desaparecimento do jornalista Jamal Khashoggi, uma van preta deixando o consulado da Arábia Saudita após a entrada do jornalista, e a mesma equipe deixando o país naquela noite.
As imagens não mostram o jornalista saudita deixando o edifício.
Khashoggi, 59, colaborador do jornal americano Washington Post que escreveu artigos críticos ao príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, desapareceu no dia 2 de outubro.
Autoridades turcas creem que ele foi morto dentro do consulado, o que as autoridades sauditas negam. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que o regime saudita precisa provar que o jornalista deixou o local com vida.
Nesta quarta, o presidente Donald Trump disse que tratou do tema "nos mais altos níveis" com o regime saudita. "Estamos perguntando tudo. Queremos saber o que está acontecendo. É uma situação muito séria para nós e para esta Casa Branca."
Trump afirmou ter esperanças de que Khashoggi não esteja morto. "Quero ver o que acontece, e estamos trabalhando muito próximo com a Turquia", afirmou.
Arábia Saudita e EUA são fortes aliados políticos.
O vice-presidente, Mike Pence, afirmou que os EUA estão dispostos a ajudar na investigação e poderiam enviar uma equipe do FBI "caso a Arábia Saudita solicite".
Segundo a Casa Branca, o secretário de Estado, Mike Pompeo, o secretário de Segurança Nacional, John Bolton, e o assessor e cunhado de Trump Jared Kushner também pediram informações sobre o jornalista ao príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman.
O jornal turco Hurriyet e outros meios de comunicação afirmaram que os 28 funcionários do consulado receberam folga no dia 2 de outubro, sob alegação de uma "reunião diplomática". Não houve confirmação oficial dessa alegação.
O vídeo mostra a chegada às 2h38 (horário local) de dois jatos privados com o que seriam 15 sauditas. O jornal Sabah, próximo a Erdogan, disse ter identificado alguns membros do grupo, a quem chamou de "esquadrão assassino".
Entre 4h51 e 4h53 (horário local), parte dos homens, com bagagem de mão, fazem check-in no hotel Movenpick próximo ao consulado. Parte do grupo se dirige a outro hotel.
às 13h14 (horário local), Khashoggi é visto entrando no consulado, vestido um blazer escuro e calças claras.
Duas horas depois, dois veículos com placas diplomáticas (um sedan de luxo e uma van Mercedes Vito preta) passam pelo controle policial do lado de fora do consulado. A van se dirige à residência do cônsul-geral saudita, onde chega às 15h07 (horário local).
As câmeras de segurança mostram uma movimentação do lado de fora da casa, com homens entrando e saindo, até que a van estaciona na garagem.
Às 17h32 (horário local), câmeras mostram a noiva de Khashoggi, Hatice Cengiz, do lado de fora do controle policial no consulado, falando no celular. O jornalista havia deixado seus celulares com ela antes de entrar e pedido que ela alertasse as autoridades caso não voltasse. Ela não voltou a ver o noivo.
Cerca de 2h30 mais tarde, vários homens são vistos deixando o hotel com bagagens de mão.
Nesta quarta, o Washington Post publicou artigo de Cengiz. Ela afirmou que o jornalista inicialmente visitou o consulado no dia 28 de setembro, "apesar de estar preocupado que poderia estar em perigo". Ele voltou no dia 2 após promessa de que receberia os documentos necessários para que os dois pudessem se casar.
"Eu imploro ao presidente Trump e à primeira-dama Melania Trump para que joguem luz sobre o desaparecimento de Jamal", escreveu Cengiz. "Também insto a Arábia Saudita, especialmente o rei Salman e o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, para que exibam o mesmo grau de sensibilidade e divulguem as imagens de segurança do consulado."
"Embora esse incidente possa potencialmente alimentar uma crise política entre as duas nações, vão vamos perder de vista o aspecto humano do que aconteceu."