Ucrânia muda, e eleito busca acomodação com a Rússia

Jornais de Kiev, em ucraniano como Gazeta ou em russo como Fakty i Kommentarii, manchetaram a eleição do opositor Zelenski chamando a atenção para nota da embaixada americana via Facebook:

“Agradecemos ao presidente Poroshenko por seus esforços nos últimos cinco anos para fortalecer nossa relação. Esperamos continuar com a forte parceria EUA-Ucrânia com o presidente eleito Zelenski.”

Outros de Kiev, como Segodnya, em russo, e jornais de Moscou como o RBC destacaram o anúncio de Zelenski: “Além do Protocolo de Minsk, temos como tarefa número um o retorno dos nossos marinheiros presos” na Rússia.

O destaque ao protocolo e aos marinheiros foi sinal de acomodação com a Rússia. O alemão Süddeutsche Zeitung manchetou a vitória de Zelenski com um longo perfil para ajudar a contextualizar a mudança:

“Na Ucrânia e na Rússia, ele é uma estrela há anos, como ator que excursionou com seu grupo Kwartal 95, para públicos de língua russa. Porque é antes e acima de tudo um filho da cultura de língua russa.”

Zelenski morou em Moscou “por mais de cinco anos”, mas virou “crítico agudo” da Rússia com a guerra na Ucrânia Oriental. E fez sua campanha afirmando como “tarefa mais importante encerrar a guerra” —daí a menção ao acordo de cessar-fogo de Minsk, de 2014.

CENSURA LÁ

O Wall Street Journal noticiou a tentativa do Supremo de “silenciar” críticos e o posterior recuo, citando o general Paulo Chagas, para quem o episódio “mostra que os ministros do Supremo não são o que o Brasil precisa”.

Também a revista online Crusoé e o apresentador Danilo Gentili. E a Folha: “Num sinal da contenda do STF para lidar com liberdade de imprensa no tenso clima político do país, o tribunal também reverteu sua decisão de impedir o jornal de entrevistar o ex-presidente Lula”.

MILÍCIA LÁ

Ex-correspondente do New York Times no Rio, hoje cobrindo a fronteira dos EUA, Simon Romero noticiou que “Milícia detém sob mira de arma migrantes em busca de asilo”. A União Americana das Liberdades Civis (ACLU) denunciou os sequestros “racistas”.

Dois dias depois, o FBI prendeu o líder da milícia, ecoando do NYT de Romero à manchete do Drudge Report, com Reuters.

PRONTOS PARA A BATALHA

Enquanto a Força Nacional era convocada para "desencorajar" os protestos que começam na terça (23) em Brasília, o Financial Times foi à aldeia Aukre, no Pará, para mostrar "Guerreiros da floresta tropical preparados para batalha contra Bolsonaro". As fotos Dado Galdieri destacaram chefes caiapós como Kruwyt (acima).

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