UE, China e Rússia acertam mecanismo para driblar sanções dos EUA ao Irã

As partes remanescentes do acordo nuclear com o Irã decidiram nesta segunda-feira (24) manter o comércio com Teerã apesar do ceticismo sobre se isso seria possível com a volta das sanções dos Estados Unidos ao país, prevista para novembro.

Em maio, o presidente americano, Donald Trump, decidiu abandonar o pacto e retomar as punições econômicas aos iranianos, incluindo aquelas que buscam forçar os compradores de petróleo a interromper as transações com a República Islâmica.

Em comunicado após a reunião de Reino Unido, China, França, Alemanha, Rússia e Irã, o grupo se disse determinado a desenvolver mecanismos de pagamento para manter o comércio com o Irã.

“Cientes da urgência e da necessidade de resultados tangíveis, os participantes celebraram as propostas práticas para manter e desenvolver canais de pagamento notavelmente a iniciativa de estabelecer uma Sociedade de Propósito Específico para facilitar os pagamentos relacionados às exportações iranianas, incluindo petróleo”.

Diplomatas europeus afirmam que a ideia seria criar um sistema de escambo, similar ao usado pela União Soviética durante a Guerra Fria para trocar o petróleo iraniano por mercadorias europeias, sem haver troca de dinheiro.

A ideia é driblar as sanções que preveem a retirada do sistema financeiro americano de qualquer instituição que facilite as transações de petróleo com o Irã.

Em entrevista após a reunião, a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, disse que a decisão de estabelecer esse tipo de sociedade já foi tomada e que os especialistas técnicos vão se encontrar nos próximos dias para acertar os detalhes.

“Na prática significa que os Estados-membros da UE vão lançar uma entidade legal para facilitar transações financeiras legais com o Irã e isso permitirá que as companhias europeias continuem a fazer comércio com o Irã de acordo com as leis da UE e pode ser aberto a qualquer outro parceiro mundial.”

Diplomatas e analistas, porém, duvidam de que os EUA não possam impedir esse tipo de transações de escambo por meio de uma emenda às atuais sanções econômicas.

Até agora a União Europeia não conseguiu desenvolver um sistema eficiente para evitar que suas empresas sejam alvo das sanções americanas por manter negócios com Teerã.

Um exemplo dessa dificuldade é o fato de que o banco estatal francês BPI abandonou um plano para ajudar as empresas do país a manter o comércio com o Irã.

A chave do acordo nuclear de 2015, negociado por dois anos pelo governo do democrata Barack Obama, era que o Irã reduzisse sua atividade atômica em troca do relaxamento das sanções que prejudicaram sua economia.

Trump considera o pacto leve por não incluir o programa de mísseis balísticos iranianos e o apoio da República Islâmica a aliados em conflitos na Síria, no Iêmen, no Líbano e no Iraque. 

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