'Vem aí onda de transformações que pode nos arrastar', diz Piñera em cúpula
O presidente do Chile, Sebastián Piñera, recebeu, a partir das 11h, no Palácio de la Moneda, sede do governo chileno, os presidentes Iván Duque (Colômbia), Mauricio Macri (Argentina), Jair Bolsonaro (Brasil), Lenín Moreno (Equador), Martín Vizcarra (Peru) e Mario Abdo Benítez (Paraguai).
Os líderes latinos estão reunidos em Santiago para a fundação do Prosul, bloco que vai reunir “países democráticos que praticam o livre-comércio”, nas palavras de Piñera, e pressionar a Venezuela para que se redemocratize. Pelo menos até que o ditador Nicolás Maduro deixe o poder, o Prosul não abrigará a Venezuela.
Em suas declarações iniciais, o anfitrião disse que o Prosul deve "aprender do passado e ter os olhos levantados com relação ao futuro".
Acrescentou que "é preciso ter em conta que estamos diante da chegada de um novo mundo e de uma nova onda, e, se não nos prepararmos, essa onda irá nos arrastar. Vem aí uma mudança no planeta que não tem paralelo com relação às mudanças que já ocorreram no passado".
Por fim, Piñera explicou que deseja que o Prosul seja um bloco "sem burocracia, franco, direto e com compromisso com princípios da liberdade e dos direitos humanos".
O encontro inicial foi feito numa mesa redonda no pátio de Los Naranjos, espaço interno do Palácio de la Moneda. O presidente Bolsonaro usou fones de ouvido para tradução simultânea. Após as declarações iniciais, os mandatários entraram para uma reunião a portas fechadas.
Organizações sociais e partidos da oposição programaram para a tarde desta sexta-feira (22) manifestações contra o presidente Jair Bolsonaro.
A partir das 18h30, reúnem-se estudantes universitários, membros da Juventude Comunista, integrantes da Frente Ampla e da Associação de Familiares de Executados Políticos no Paseo Bulnes, rua de pedestres no centro de Santiago.
"Bolsonaro representa uma liderança machista, homofóbica e admiradora de ditaduras. É uma ameaça à democracia liberal", disse o deputado Vlado Mirosevic (PL).
No sábado (23), será a vez de organizações feministas e do Movimento de Integração e Liberação Homossexual, que se manifestarão durante o almoço que faz parte da reunião bilateral Piñera-Bolsonaro. O Movimento lançou um comunicado em que acusa Bolsonaro de "atacar, humilhar e denegrir" a diversidade sexual em seus discursos.
O partido de esquerda Frente Ampla pediu que o Congresso vote hoje uma moção para declarar Bolsonaro "persona non grata" no Chile devido aos comentários sobre a ditadura no país. Emissoras de TV têm repetido em seus noticiários os vídeos de Bolsonaro, no passado, em que discute com a deputada Maria do Rosário (PT-RS). No episódio, disse que a parlamentar não merecia ser estuprada por ser “muito feia”.