Venda de distribuidora da Eletrobras deverá enfrentar obstáculo judicial

O leilão previsto para esta quinta (26) da Cepisa, primeira das seis distribuidoras das quais a Eletrobras pretende se desfazer, deverá enfrentar obstáculos judiciais.

A Justiça, no entanto, já analisou o tema e provavelmente manterá a venda, diz Romeu Rufino, diretor-geral da Aneel (agência de energia elétrica). 

As distribuidoras, hoje, não têm as concessões, mas contratos precários com o órgão.

A vencedora de quinta-feira será aquela que der o maior desconto tarifário ao consumidor do Piauí. Ela vai levar o controle acionário da Cepisa e também a concessão.

Há um projeto de lei do Senado que vai definir como será resolvida a dívida das outras cinco distribuidoras. No fim de agosto, serão leiloadas.

A separação das vendas em duas datas é ruim, diz Rufino. “Elas prestam serviço de forma precária e recebem recurso de fundo setorial por estarem desequilibradas. Quanto antes estancar, melhor.”

Um dos argumentos dos que são contrários à venda, como o sindicato de eletricitários, é que haverá reajustes, e esses são estados pobres do país.

“Não é verdade que essas tarifas sejam baixas hoje. São altas e o serviço é ruim por problemas de gestão. A regulação do setor é intensa e não vislumbro esse problema [de preços caros] caso a concessão seja da iniciativa privada.” 

Não deverá haver rediscussão de contrato no futuro, como acontece com estradas e aeroportos, segundo Rufino.

“Distribuição tem os equilíbrios de contratos checados periodicamente, com revisão de tarifa com cláusulas exaustivas. Todos os potenciais compradores têm tradição e conhecem o mercado.”

 

Os últimos da fila

O setor hoteleiro registrou uma melhora no valor das diárias no primeiro semestre, segundo o Fohb (fórum das grandes redes). A exceção foram as cidades que tiveram crescimento excessivo da oferta nos últimos anos.

As taxas de ocupação e o valor das diárias subiram, respectivamente, 5,8% e 1,2% no país, na comparação com o mesmo período de 2017.

Alguns municípios, como Rio de Janeiro, Campinas (SP), Goiânia e Manaus, porém, ainda vão demorar para se recuperar, afirma Orlando de Souza, presidente-executivo da entidade.

“São praças que, além do número grande de aberturas de hotéis entre 2015 e o início de 2017, ainda têm muitas inaugurações previstas”, diz ele.

“Não são mercados como São Paulo, cuja demanda aumenta repentinamente por causa de congressos e eventos. Eles dependem do crescimento orgânico do turismo de negócios e isso só ocorre quando a economia vai bem.”

 

Construção estável faz setor de elevadores revisar projeções

A indústria de elevadores, que previa uma retomada neste ano, revisou para baixo as previsões após resultados fracos da construção civil.

“Iniciamos 2018 com estimativa de crescer entre 3% e 4%, mas o mais provável é chegarmos a 1,6%”, diz Marcelo Braga, presidente do Seciesp (sindicato dos fabricantes).

“A recuperação está bem discreta, o mercado só deverá ter 3% de alta em um cenário pós-eleitoral. Apesar disso, há uma redução lenta no estoque de imóveis novos”, diz Julio Belinassi, presidente da Otis.

A companhia, que adquiriu em 2017 a divisão de elevadores da Mitsubishi no país, deverá ter crescimento influenciado pela área de manutenção de aparelhos e por conta das exportações a países da América do Sul.

“Estudamos aquisições [de empresas] de serviços. Na área de novos, fechamos a venda de 130 máquinas para o aeroporto de Santiago. Mercados vizinhos têm ganhado relevância e o câmbio atual nos favorece.”

“O aumento de unidades novas vendidas está aquém do que deveria, em parte porque grandes empreendimentos foram postergados”, afirma Renato Finoti, diretor de novas instalações da Atlas Schindler.

 

Bolso mais aberto no atacado

Redes atacadistas que atendem pessoas físicas voltaram a sentir um aumento na demanda por produtos de marcas mais famosas e caras.

Houve uma migração dos clientes para itens mais baratos nos últimos três anos devido à recessão e, com a leve melhora no cenário econômico, iniciou-se uma retomada, afirma Wlamir dos Anjos, diretor comercial do Assaí.

“As marcas voltaram a ter um peso significativo na decisão de compra em alimentos, mercearia e limpeza. A única categoria em que isso não mudou é de hortifrutigranjeiros.”

Além da maior confiança do consumidor, a deflação no setor possibilitou que clientes voltassem a comprar produtos que comprometiam mais o orçamento, diz ele.

“O aumento [na procura por marcas líderes] é positivo para o faturamento, mas traz margens menores, então uma coisa compensa a outra”, diz Cleber Gomez, presidente do grupo Zaragoza, dono da rede atacadista Spani, que também sentiu a mudança.

 

Mais confiantes... O otimismo dos empresários brasileiros com os rumos da economia nos próximos 12 meses aumentou no segundo trimestre, de 26% para 28%, segundo a Grant Thornton.

...que os vizinhos O indicador nacional foi maior que a média na América Latina (23%). Fora do continente, porém, 54% dos ouvidos pela consultoria se dizem confiantes. O estudo foi realizado em 32 países.

Para trocar... A DesenvolveSP (agência de desenvolvimento) lançou um programa de crédito de até R$ 50 mil para empresas que queiram substituir botijões pelo sistema de gás natural encanado. 

...o gás Os negócios paulistas com receita entre R$ 360 mil e R$ 16 milhões podem pedir o financiamento. A taxa de juros é de ao menos 1,42% ao mês e o prazo para quitar a dívida é de um ano e meio.

Sejam... A maior procura por marcas líderes se deve também à entrada de clientes que não faziam compras no atacado, diz Jonathas Rosa, da Nielsen.

...bem-vindos “Alguns clientes optam pelas mesmas marcas a que estavam habituados, mas só que em um canal mais barato que o autosserviço.”

 

com Felipe Gutierrez, Igor Utsumi e Ivan Martínez-Vargas

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