Vinicius Júnior precisa evoluir para estar ao lado de Neymar na Copa
Parecia um jogo do Campeonato Brasileiro ou entre Camarões e uma outra seleção africana. Duro de ver, ainda mais sem Neymar, que saiu logo no início, contundido.
O Brasil, com Marcelo, Coutinho e Neymar, é outro time. Tite terá de aprender a usar bem os três no ataque, sem fragilizar a marcação. Richarlison ganhou um lugar na reserva.
Dias atrás, assisti, pela televisão, ao amistoso entre as seleções sub-20 do Brasil e da Colômbia, no estádio Independência, em Belo Horizonte. Terminou 0 a 0, resultado justo. Nesta terça-feira (20) à noite, se enfrentariam, novamente, em Goiânia.
Pode ser que o jogo desta terça tenha sido bem diferente do anterior.
Estava ansioso para ver alguns jovens atuarem, como Vinícius Júnior, que era destaque no Flamengo e que é saudado, no Brasil e na Espanha, como um futuro supercraque, Paulinho, que era o melhor jogador do Vasco e que está na Alemanha, Lincoln, centroavante que atuou várias vezes entre os titulares do Flamengo, além de outros.
Pensei que Vinícius Júnior, pelo prestígio que já tem, daria um show nos meninos da Colômbia, como fazia sempre na seleção sub-17. Não foi o que ocorreu. O time brasileiro foi vaiado após a partida, não porque tenha jogado tão mal, mas porque o torcedor também esperava um espetáculo.
Vinícius Júnior, como no Flamengo e nas vezes em que atuou pelas equipes A e B do Real Madrid, alternou belíssimos lances individuais, com habilidade, inventividade e velocidade, com muitos outros momentos confusos, com frequentes erros técnicos na finalização, no passe e nas decisões.
Vinícius Júnior terá de evoluir muito se quiser ser o companheiro de Neymar na Copa de 2022 e a estrela principal da seleção no Mundial de 2026. Não existe grande craque sem grande técnica.
Vinícius Júnior, promessa de grande craque, é mais um exemplo da pressa da sociedade do espetáculo em produzir ídolos.
Alguns comentaristas já querem que ele seja o titular do Real Madrid. Se ele não se tornar o grande craque que todos acham que já é, será tratado como se tivesse tido uma carreira fracassada, mesmo que ainda se torne um excelente jogador. Foi o que aconteceu com Robinho e outros ótimos atletas.
A primeira partida entre as seleções sub-20 de Brasil e Colômbia foi um confronto de estilos. O Brasil recuava para marcar com muitos jogadores e, quando recuperava a bola, usava bastante as bolas longas, os lances individuais e as estocadas.
A seleção jogou como a maioria das equipes brasileiras atua há muito tempo. Já a Colômbia tinha muita bola no chão e troca de passes, desde a defesa.
Os times brasileiros jogam dessa maneira não somente pela falta de continuidade do trabalho dos treinadores ou pela pouca qualidade individual, como tanto falam. Atuam assim porque é mais fácil de fazer e porque os técnicos acreditam que essa é a melhor maneira de vencer.
Todos nós da crônica esportiva e os profissionais ligados ao futebol, especialmente os treinadores, desde os das categorias de base, precisamos evoluir, nos reinventar, sair da mesmice, da repetição, da inércia. Se isso não acontecer, haverá uma queda progressiva, ainda mais que os adversários podem melhorar.
Restarão imagens dos momentos grandiosos, presentes em nosso imaginário e nas fotografias na parede, ou melhor, nas fotos e vídeos do celular, sem a dor do poeta.