Votação antecipada vira bússola para partidos na eleição legislativa dos EUA

Enquanto no Brasil os eleitores só têm um dia para votar no primeiro turno —este domingo (7)—, na maioria dos estados americanos o processo começa antes e é acompanhado de perto pelos partidos, que analisam os dados e têm a chance de dirigir seus esforços aos locais onde acham que podem convencer seus correligionários.

Nos Estados Unidos, o voto não é obrigatório. Por isso, cada eleitor que democratas e republicanos conseguem levar às urnas pode contar para o resultado final.

O dia oficial das midterms, as eleições de meio mandato presidencial, é 6 de novembro, uma terça-feira.

No entanto, 38 dos 50 estados americanos permitem que os eleitores depositem seus votos antes dessa data, seja presencialmente ou pelos Correios.

Em alguns deles, como Wisconsin e Minnesota, a possibilidade é assegurada a quem, em tese, não poderá comparecer em 6 de novembro, na chamada votação por ausência. Mas não é preciso fornecer justificativa.

Em outros, como na Califórnia, é possível votar antecipadamente a partir deste domingo, pelos Correios ou pessoalmente.

Nos estados em que a votação ocorre pelos Correios, há uma data limite para receber e enviar os votos.

Naqueles em que é preciso ir presencialmente às urnas, há locais previamente determinados para votar.

Com eleições legislativas disputadas como as de 2018, em que os democratas tentam retomar o controle do Congresso, os dois partidos tendem a acompanhar de perto as tendências que se formam em cada um desses estados.

Estudos mostram que a votação antecipada pode aumentar em até 4% o comparecimento, diz Danielle Root, diretora de direitos ao voto do think tank American Progress.

Colocando na equação a informação de que as midterms costumam atrair menos eleitores —a participação em 2014 foi de 36,4%, ante 61,4% nas eleições presidenciais de 2016—, o número pode fazer diferença.

"Em alguns lugares, pode significar mais 800 mil votos. Isso é importante, quando a gente pensa em eleições disputadas. Pode fazer uma diferença significativa", diz Root.

E a informação sobre a votação antecipada pode ser capitalizada pelos partidos, diz Michael McDonald, professor associado de ciências políticas da Universidade da Flórida. "Quando há um período de votação maior, há mais oportunidade de as campanhas entrarem em contato com mais gente", afirma.

A informação sobre comparecimento antecipado costuma ser compartilhada com as campanhas, que podem direcionar os esforços mais efetivamente, diz.

Segundo ele, os democratas tipicamente se saem melhor na votação antecipada, enquanto, no dia da eleição, a vantagem costuma ser dos republicanos. Isso significa que se o partido de Donald Trump for bem nesse período, pode ser uma notícia ruim para os adversários, comenta.

Meena Bose, reitora executiva de políticas públicas da Universidade Hofstra, não vê uma preponderância tão clara de um partido sobre o outro. "Na eleição de 2016, isso não deu muita vantagem. Os democratas se saíram bem em alguns estados, os republicanos em outros", diz.

Para ela, apesar dos benefícios da votação antecipada, como aumentar o comparecimento, há um risco no processo. "Pode surgir uma nova informação depois que você votou que poderia fazer com que você mudasse de ideia", afirma.

Nesta midterm específica, outro fator pode estimular o eleitorado é a presidência de Donald Trump. São grandes as possibilidades de a votação se tornar um grande referendo sobre o governo do republicano até agora.

Na última terça (2), o próprio Trump levantou essa bola. "Eu não estou na cédula [de votação], mas estou na cédula porque isso também é um referendo sobre mim e sobre o impasse nojento no qual eles [os democratas] vão colocar este país."

"Há muito interesse no presidente Trump, ele cria reações. As pessoas vão ficar motivadas nas midterms. Não vai ser nos níveis presidenciais, mas é razoável vermos um comparecimento de 40%, o que poderia ser uma grande mudança", diz McDonald, da Universidade da Flórida.

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