Witzel nega ter organizado evento conhecido como 'farra dos juízes' em 2010
O candidato do PSC ao Governo do Rio, Wilson Witzel, negou nesta terça-feira (16) que tenha participado da organização de um evento da Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil) em Comandatuba, sul da Bahia, em 2010.
A negativa ocorreu durante entrevista ao vivo ao RJTV, telejornal da TV Globo transmitido no estado. O candidato respondia a um questionamento sobre reportagem publicada pela Folha na segunda-feira (16), que mostrou que ele próprio havia dito que foi um dos organizadores do evento.
A afirmação foi feita durante uma entrevista em vídeo, em 2012, quando Witzel concorria à presidência da Ajuferjes (Associação dos Juízes Federais do Rio e do Espírito Santo).
O evento na Bahia ficou conhecido como a "farra dos juízes federais" porque foi realizado em um resort de luxo e patrocinado por estatais como Caixa, Banco do Brasil e Eletrobras, além de empresas privadas como Souza Cruz.
Na época, o encontro foi criticado por parte da magistratura, que entendeu que o evento subsidiado poderia colocar em risco a autonomia de futuras decisões, além de ferir a Emenda Constitucional nº 45, que veda aos juízes receberem auxílios ou contribuições de pessoas físicas ou de empresas.
Witzel integrava a diretoria da Ajufe quando o evento foi realizado. Dois anos mais tarde, ele afirmou que foi um dos organizadores e que o encontro foi o "melhor evento da história da Ajufe".
Na sabatina do RJTV, Witzel negou inclusive que tenha ido ao encontro. Ele afirmou que era diretor de esportes da Ajufe naquele período e que não teve relação com a organização.
Ele ressaltou, contudo, que o evento foi aprovado na época pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça), o mesmo que mais tarde proibiria eventos do tipo.
Witzel afirmou que não enxerga conflito de interesses, mesmo com a possibilidade hipotética no futuro de as empresas patrocinadoras terem processos julgados na Justiça federal.
"Esse evento de Comandatuba eu nem estive presente. Foi a associação da qual eu fazia parte que organizou. Eu não era presidente. Era apenas o diretor de esportes. Naquele evento em si não vejo conflito de interesses. A independência do juiz está acima disso. Nós juízes federais temos uma prestação jurisdicional de alto nível", disse ele.