Afastado, ministro se recusa a dar senha de telefone celular à PF
Afastado do cargo por determinação do STF (Supremo Tribunal Federal), o ministro do Trabalho, Helton Yomura, se negou a fornecer à Polícia Federal a senha de acesso a um telefone celular apreendido pelos investigadores.
O registro da negativa consta do termo de declarações prestadas à PF na manhã desta quinta-feira (5), obtido pela Folha. O ministro afastado também optou por ficar em silêncio, conforme orientação de sua defesa, que afirmou não ter tido acesso ao teor da investigação.
"Questionado acerca da apreensão de um aparelho telefone celular pertencente ao Ministério do Trabalho e solicitada sua respectiva senha de acesso, o declarante, por determinação de seus constituídos [advogados] e por conter informações e arquivos privados, se nega a fornecê-la neste momento, até que tenha acesso aos autos, ressaltando que o aparelho era usado também para fins particulares", registrou a PF.
Ao deixar a sede da PF em Brasília, Yomura disse que está muito surpreso com as investigações e que não há provas de seu envolvimento em quaisquer irregularidades no ministério.
Questionado sobre a afirmação dos investigadores de que ele se reportava ao presidente nacional do PTB, o ex-deputado Roberto Jefferson, e à filha dele, a deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ), Yomura disse que mantinha com os dois relações institucionais. "Meu tratamento é institucional", respondeu.
O ministro do Trabalho foi alvo, nesta manhã, da terceira fase da Operação Registro Espúrio, que mira supostas fraudes na pasta relativas a registros de sindicatos.
Segundo a PF, o material coletado nas duas primeiras fases da investigação indicaram a participação de novos atores e apontaram que “importantes cargos da estrutura do Ministério do Trabalho foram preenchidos com indivíduos comprometidos com os interesses do grupo criminoso, permitindo a manutenção das ações ilícitas”.
Na etapa anterior da operação, a PF fez buscas no apartamento de Cristiane Brasil. Ela e o pai, Roberto Jefferson, são apontados como padrinhos políticos de Yomura.
A decisão de afastar Yomura do cargo é do ministro Edson Fachin, do Supremo. A defesa informou em nota que vai recorrer da decisão para que a Segunda Turma, da qual Fachin faz parte, analise o caso.