Algoz e fã do Brasil, Henry vira professor de artilheiro belga na Copa

Na partida contra a Bélgica na próxima na sexta (6), às 15h, em Kazan, o Brasil terá o seu maior desafio até o momento na Copa. Para chegar na semifinal, precisará superar o melhor ataque do torneio. O jogo marca também um reencontro com um carrasco da seleção: Thierry Henry.

O francês, autor do gol que eliminou a seleção brasileira nas quartas de final do Mundial de 2006, pendurou as chuteiras em 2014 e hoje, aos 40 anos, é auxiliar do técnico espanhol Roberto Martinez, comandante dos belgas.

Artilheiro pela França e pelas equipes que passou, como Monaco, Arsenal e Barcelona, Henry tem exercido grande influência em Romelu Lukaku, centroavante da Bélgica, autor de quatro gols na Copa.

“A presença do Henry é importante porque ele entende a cabeça do atacante, e ele me ensinou muitas coisas. Eu evoluí no senso de posicionamento e nas finalizações”, disse o camisa 9 após marcar dois gols contra a Tunísia pela fase de grupos da Copa.

O ex-jogador é conhecedor e admirador do futebol brasileiro. No título mundial da França sobre o Brasil em 1998, ele não entrou na partida, mas posou para uma foto com a taça em mãos, vestido com a camisa de Ronaldo.

Ele já afirmou em entrevistas que o ex-centroavante da seleção foi o melhor jogador brasileiro que viu em ação.

Nos tempos de Monaco, quando surgiu para o futebol, fez amizade com o brasileiro Sonny Anderson, de quem copiou a forma de usar os meiões esticados até o joelho, estilo que o acompanhou até o final da carreira.

Henry também fez parceria com Ronaldinho Gaúcho no Barcelona durante a temporada 2007/2008. O francês, inclusive, tentou convencer o brasileiro a jogar no New York Red Bull (EUA) em 2014.

No Arsenal (ING), clube pelo qual viveu sua melhor fase —marcou 228 gols em 376 jogos (1999-2007 e 2012)—, o francês teve a companhia de outros brasileiros. Gilberto Silva foi um deles.

“A convivência com ele [Henry] foi excelente, pois é um cara fantástico e foi um jogador extraordinário”, disse o ex-volante da seleção à Folha.

Henry foi eleito duas vezes o segundo melhor jogador do mundo (2003 e 2004), atrás do compatriota Zidane e de Ronaldinho, respectivamente.

Na partida de sexta-feira, em Kazan, Henry terá pelo lado brasileiro outro velho conhecido dos tempos de Inglaterra: Edu Gaspar, coordenador de seleções da CBF.

O dirigente da seleção atuou no Arsenal de 2001 a 2005, onde foi companheiro do ex-craque francês. No entanto, a relação entre os dois não foi tão harmoniosa num primeiro momento.

“Ele é um cara de uma personalidade muito forte, competitivo, que não gostava de perder. Teve um dia que tomamos um gol com uma falta minha. Nessa falta, o cara empatou jogo em 1 a 1. O Henry chegou no vestiário e começou a reclamar e olhava pra mim. Eu não falava inglês, muito menos francês na época, contou ao canal Desimpedidos, do Youtube, em 2016.

O incidente gerou uma série de rusgas entre os dois nos treinamentos. O agora homem forte do futebol do Brasil conta que “chegava junto” no craque para tentar ganhar o respeito dele, que não deixava por menos e revidada.

Segundo Gaspar, as brigas só cessaram quando o então técnico Arsène Wenger interveio e disse que os dois se matariam um dia, caso seguissem naquele clima.

Depois disso, Henry o convidou para jantar em sua casa, quando ambos se desculparam.

Na disputa pela vaga na semifinal, Henry estará no banco, e a defesa brasileira, que sofreu apenas um gol nesta Copa, terá a missão de impedir que haja um sucessor do francês no papel de carrasco.

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