Após anúncio de pacote econômico, dólar dispara na Argentina
Numa quarta-feira (25) tensa na Argentina, o dólar voltou a atingir outro recorde histórico no meio da manhã, tocando os 47,50 pesos para venda.
O Banco Central interveio e, ao final, o valor da moeda norte-americana fechou em ARS$ 45,90.
Ainda assim, foi o suficiente para que o risco-país subisse de 800 para 1.000 pontos, um outro recorde. É o índice mais alto da era do presidente Mauricio Macri. A cifra só havia superado os 1.000 pela última vez em fevereiro de 2014, ainda na gestão de Cristina Kirchner.
A nova disparada do dólar ocorre uma semana depois de o governo anunciar um pacote de medidas para amenizar o impacto da alta inflação, que fechou março em 4,7%, segundo o Indec (Instituto Nacional de Estatísticas e Censos).
A cifra acumulada em 2019 já é de 11,8% e, nos últimos doze meses, de 54,7%. Trata-se da segunda maior inflação da região, depois da Venezuela.
O pacote contempla o congelamento de preços de mais de 60 produtos, descontos para beneficiários dos planos de assistência do governo e pensionistas, além da garantia de que, até o final do ano, não haverá mais aumentos de tarifas de transportes, luz e gás.
A equipe econômica do governo permaneceu reunida durante a manhã e não se descarta um novo pacote de benesses a ser anunciado nos próximos dias para conter a tensão social, que não baixou com o primeiro anúncio.
Os sindicatos anunciam uma greve geral na semana que vem, no dia 30 de abril, que deve paralisar transportes, distribuição de alimentos, coleta de lixo, aeroportos e outros serviços.
Quem tiver voo programado para a Argentina nessa data deve consultar sua companhia aérea.
Em entrevista à imprensa local, o presidente Macri disse que "os mercados duvidaram de nossa convicção de seguir por este caminho, mas o FMI (Fundo Monetário Internacional) continua acreditando que estamos trabalhando na direção certa".
O fundo abriu uma linha de crédito para o país de US$ 57 bilhões no ano passado."Os mercados são diferentes, são outro mundo. São pessoas trás de um computador que compra e vendem têm uma visão de curto prazo", afirmou o presidente.
Macri também disse que o crescimento de Cristina Kirchner nas pesquisas eleitorais —no último fim de semana, a ex-presidente surgia com 9 pontos de vantagem num provável segundo turno contra Macri nas eleições de outubro deste ano— estava assustando investidores e o mercado internacional.
"Muitos creem que o passado foi melhor, mas a grande maioria dos argentinos não querem voltar atrás. Esse ruído de hoje foi gerado por isso" afirmou o presidente.
Macri pediu às pessoas que "sigam remando" junto com ele e ratificou que concorrerá à reeleição.
"Depois que passarmos desta eleição, uma grande oportunidade se abrirá. As mudanças estruturais que estamos fazendo vão levar o país ao desenvolvimento."