'Netflix dos podcasts' recebe investimento de US$ 100 mi
A plataforma americana de podcasts Luminary foi inaugurada nesta semana com um investimento de US$ 100 milhões (cerca de R$ 400 milhões), um projeto que aposta no futuro de um modelo pago, quando a maioria é gratuita.
O projeto mais ambicioso sobre este mercado jovem e promissor propõe, a partir de terça-feira, duas versões em sua plataforma: uma gratuita com publicidade, que oferece a maioria dos podcasts já em circulação, e outra paga, sem propagandas, a US$ 7,99 por mês, que inclui 25 podcasts exclusivos (e mais de 40 a médio prazo).
O modelo é similar ao da plataforma Spotify para a música.
Entre os podcasts exclusivos estão grandes referências da área, ou de celebridades, como a atriz e produtora Lena Dunham (Girls), ou o apresentador Trevor Noah (The Daily Show).
Também disponível no Canadá, na Grã-Bretanha e na Austrália, a Luminary acredita que a indústria dos podcasts está pronta para entrar em um modelo pago - como aconteceu no vídeo e na música.
Mas a companhia não é a primeira a oferecer este modelo, em um mercado dominado pela Apple e pela Google, duas plataformas gratuitas.
O Stitcher já propõe uma assinatura a US$ 4,99 por mês, bem como o Wondery (US$ 5).
Mas a Luminary "é a primeira grande tentativa de lançar um serviço pago de podcasts que não resulta de um negócio pré-existente", destaca Nicholas Quah, do site especializado Hot Pod.
Financiada por especialistas em investimentos de capitais, a Luminary já arrecadou US$ 100 milhões e, às vezes, é apresentada como a Netflix dos podcasts.
A ambição desta recém-chegada é clara: se tornar a plataforma de referência e o destino natural dos usuários de podcasts, estejam dispostos a pagar, ou não.
"A Luminary fez grandes investimentos tecnológicos para desenvolver um aplicativo que todo mundo possa utilizar para encontrar e escutar o conteúdo de sua preferência, seja público e financiado por publicidade, ou em nosso canal 'premium'", declarou o cofundador e presidente da Luminary, Matt Sacks, em um comunicado.
Os podcasts geralmente contêm anúncios diretamente integrados às transmissões, até mesmo lidos no ar pelos apresentadores e, portanto, não podem ser dissociados do programa.
Em março, a Luminary tuitou que "os podcasts não precisam de publicidade" e sinalizou sua intenção de privilegiar um modelo pago. Isso levou a inúmeras críticas de produtores e ouvintes que defendem o ecossistema que mistura gratuidade e publicidade.
Sacks pediu licença em uma entrevista publicada na segunda-feira pelo site The Verge e disse que a Luminary também está determinada a investir no modelo gratuito.
Vários podcasts, disponíveis gratuitamente em outras plataformas, recusaram-se a aparecer no catálogo da Luminary.
"Eu não vejo um apetite marcante por este modelo [pago] neste momento no contexto atual", disse Trevr Smithlin, presidente da AvertiseCast, uma agência de publicidade especializada em podcasts.
"Os ouvintes estão acostumados a ter seu conteúdo de graça e não se importam com ouvir alguns anúncios que apoiam (financeiramente) sua transmissão favorita", opinou.
"Mudar esse comportamento vai levar muitos anos e depender de uma oferta muito interessante", completou.
De acordo com o IAB (Interactive Advertising Bureau) e a empresa `PWC, o faturamento publicitário para podcasts nos Estados Unidos chegaria a US$ 659 milhões em 2020, mais do que o dobro de 2017 (US$ 313 milhões).