Brasil coordena com EUA entrega de ajuda humanitária à Venezuela
Em uma operação coordenada com os EUA, o governo Jair Bolsonaro vai permitir o uso de território brasileiro para que opositores do ditador Nicolás Maduro tentem levar ajuda humanitária à Venezuela em 23 de fevereiro.
Segundo o porta-voz da Presidência da República, Otávio do Rêgo Barros, Bolsonaro determinou que o Brasil dê apoio logístico para que caminhões conduzidos por venezuelanos da oposição busquem mantimentos em Pacaraima e Boa Vista, em Roraima.
Os produtos serão enviados a postos nessas cidades pelo governo brasileiro, disse o porta-voz.
Trata-se da ação mais contundente já adotada pelo governo Bolsonaro contra Maduro, considerado pelo presidente um mandatário "ilegítimo."
A ação de envio de ajuda à Venezuela, segundo Rêgo Barros, está sendo planejada em coordenação com os EUA.
No entanto, ela não deve envolver o envio de produtos em aviões dos EUA a Roraima, ao contrário do que ocorre na Colômbia.
"O governo brasileiro está mobilizando uma força tarefa interministerial para definir a logística da prestação de ajuda humanitária ao povo da Venezuela, a partir de 23 de fevereiro, atendendo a um apelo do presidente Juan Guaidó", declarou Rêgo Barros nesta terça-feira (19), em referência ao presidente autodeclarado interino do país vizinho.
"Alimentos e medicamentos serão disponibilizados em território brasileiro em Boa Vista e Pacaraima para recolhimento do presidente [Guaidó] por caminhões venezuelanos conduzidos por venezuelanos", acrescentou.
A entrada de ajuda humanitária na Venezuela é um dos principais pontos da estratégia de Guaidó para tentar derrubar Maduro.
O objetivo do líder opositor, reconhecido por cerca de 50 países, entre eles EUA e Brasil, é que as Forças Armadas da Venezuela acabem não resistindo à chegada dos alimentos e medicamentos, desobedecendo a ordem de Maduro.
O principal local de envio de ajuda é a cidade colombiana de Cúcuta, na fronteira com a Venezuela. Os produtos foram enviados à cidade por aviões dos EUA.
Guaidó pediu que o Brasil também instalasse centros de ajuda humanitária próximos à fronteira do Brasil com a Venezuela. Na semana passada, uma delegação enviada presidente interino esteve no Itamaraty para pedir que o Brasil também se envolvesse no plano para entrega dos itens.
Na ocasião, o deputado Lester Toledo, aliado de Guaidó, disse que Roraima seria o segundo ponto de entrada de ajuda humanitária, depois de Cúcuta. O consentimento de Bolsonaro à ideia só foi divulgada nesta terça.
Embora seja uma determinação de Bolsonaro, o apoio logístico que o Brasil fornecerá à oposição venezuelana não é consenso dentro do governo.
Além do desafio logístico de enviar mantimentos a um dos pontos de mais difícil acesso no país, setores militares e do Itamaraty estão preocupados com as consequências desse envolvimento direto do Brasil, que tem cerca de 2.200 kim de fronteira com a Venezuela.
Roraima é dependente da energia vendida por uma empresa controlada pelo regime chavista.
Além disso, há a possibilidade que Maduro, que detém controle sobre as Forças Armadas, não permita a entrada da ajuda, o que pode criar um problema na fronteira.
O terceiro ponto de entrega de ajuda é Curaçao. Nesta terça, as Forças Armadas da Venezuela determinaram o bloqueio da divisa marítima e aérea com as Antilhas holandesas, incluindo Curaçao, Aruba e Bonaire.