Brasil lidera ranking global que mede simpatia pelo populismo
O Brasil está no topo de um ranking global que mede a adesão das populações a ideias populistas.
Segundo a pesquisa, publicada nesta quarta-feira (1º) pelo jornal britânico The Guardian, 42% dos brasileiros demonstram apoio sólido ao populismo. O índice registrado no país equivale ao dobro da média global.
O Brasil ficou um pouco à frente da África do Sul, que alcançou um índice de 39%, e superou outros países em desenvolvimento, como a Tailândia, o México e a Turquia.
O ranking foi elaborado pelo instituto de pesquisa YouGov e por acadêmicos da Universidade Cambridge. O projeto entrevistou 21.295 pessoas entre fevereiro e março em 19 países por meio de questionários eletrônicos –a amostra no Brasil teve 1.006 participantes.
O índice de populismo é medido de acordo com a quantidade de participantes que dizem concordar fortemente com estas duas afirmações: “meu país é dividido entre pessoas comuns e as elites corruptas que as exploram”, e “a vontade do povo deveria ser o princípio elementar da política deste país”.
De acordo com a reportagem do The Guardian, a simpatia pelo populismo no Brasil é associada ao descrédito na política que se seguiu aos protestos de junho de 2013, e que culminou na vitória de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais de outubro.
Nada menos que 84% dos brasileiros entrevistados declararam concordar em algum grau com a ideia de que o governo do país “basicamente representa uns poucos interesses poderosos”, que só estão preocupados consigo mesmo.
“É esta corrupção aparentemente inesgotável que levou vários brasileiros aos braços do populismo, cuja ideia central é a de que uma elite nefasta manda de acordo com seus interesses, em detrimento das massas populares”, diz o texto, assinado, dentre outros, por Dom Phillips, correspondente do jornal britânico no Rio de Janeiro.
MALES DO POPULISMO
O projeto também concluiu que as pessoas que apoiam o populismo tendem a acreditar mais que as outras em teorias da conspiração, sem respaldo nos fatos.
Por exemplo, muitos populistas questionam a efetividade das vacinas e os efeitos da humanidade sobre as mudanças climáticas, contrariando evidências científicas.
Além disso, mais pessoas que compartilham ideias populistas dizem consumir notícias por meio das redes sociais, terreno fértil para fake news e teorias da conspiração.