Brasil pode igualar pior campanha do século na Copa Libertadores
A última rodada da fase de grupos da Libertadores começa nesta terça (7) com os clubes brasileiros sob risco de repetir o pior percentual de participantes nas oitavas em relação ao número de clubes que iniciaram a competição.
Com oito classificados para o torneio de 2019, o país pode ter metade deles eliminados antes da fase de mata-mata.
Desde 2000, em apenas 2 de 19 edições os brasileiros começaram as oitavas com a metade das equipes que começaram a Libertadores. Em 2002, com quatro clubes, dois passaram às oitavas de final. Doze anos depois, foram 3 classificados de 6 participantes.
Nesse período, a Libertadores inchou. De 2000 a 2003 foram 32 participantes, 36 em 2004. Entre 2005 e 2016, o torneio contou com 38 clubes. Por isso, foi implantada uma fase preliminar, com 12 participantes. Os seis classificados se juntavam depois a outros 26 times na fase de grupos.
A partir de 2017, com a decisão de o torneio ocorrer de janeiro a novembro, a Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol), aumentou para 47 o número de clubes na competição.
Com os clubes mais ricos da América do Sul, o Brasil é o país com mais vagas garantidas, com sete (do 1º ao 6º colocado do Brasileiro e o campeão da Copa do Brasil), 14,8% do total. Por causa dos títulos de Chapecoense (2016) e Athletico-PR (2018) na Copa Sul-Americana e do Grêmio na Libertadores (2017), os brasileiros tiveram um lugar adicional nos últimos três anos, ficando com 17% das vagas.
Na atual edição, Athletico-PR, Cruzeiro, Internacional e Palmeiras já confirmaram sua classificação para a próxima fase, garantindo 50% dos times brasileiros nas oitavas.
O São Paulo, derrotado pelo Talleres (ARG) ainda na primeira fase do torneio, e o Atlético-MG, último colocado do Grupo E, são os brasileiros já eliminados da competição.
Com isso, caberá então a Flamengo e Grêmio, nesta quarta-feira (8), tentar aumentar a presença de brasileiros nas oitavas de final.
Líder do Grupo D, o clube carioca joga pelo empate no confronto contra o Peñarol (URU), em Montevidéu, mas vive momento conturbado, com o técnico Abel Braga pressionado por ainda não ter feito o elenco milionário da equipe render o que se esperava.
Clube de maior orçamento do futebol brasileiro –pretende gastar R$ 765 milhões nesta temporada–, o Flamengo pagou, só para tirar do Cruzeiro o meia uruguaio Arrascaeta, cerca de R$ 55 milhões.
Além dele, chegaram os atacantes ex-Santos Bruno Henrique (R$ 22,8 milhões) e Gabriel (contratado por empréstimo sem custo, mas com salários na casa de R$ 1,2 milhão).
Concorrente direto do rubro-negro, o Peñarol investiu apenas R$ 2 milhões em contratações. Somando patrocínio, cotas de TV e bilheteria, a receita estipulada do clube uruguaio para 2019 é de R$ 37 milhões.
"O jogo do semestre é quarta-feira. Vou fazer o possível. Espero uma equipe madura", disse Abel Braga, após o empate em 1 a 1 com o São Paulo, domingo (5), no Morumbi.
Pelo Grupo H, em Porto Alegre, o Grêmio também só precisa de um empate com a Universidad Católica (CHI) para chegar às oitavas de final.
Com 12 pontos, o Libertad (PAR) já está com a primeira colocação assegurada na chave. Gaúchos e chilenos, ambos com 7, disputam a segunda vaga. A vantagem gremista reside no saldo de gols (2 a -2).
Também neste caso os brasileiros levam vantagem financeira sobre o rival. Enquanto a Universidad Católica tem previsão orçamentária de R$ 62 milhões, tendo gasto R$ 5,7 milhões em reforços, o Grêmio trabalha com um orçamento de R$ 307 milhões, com R$ 26,7 milhões gastos em contratações para 2019.
Entre os clubes brasileiros já classificados, também há fatores extras em jogo na última rodada da fase de grupos.
O Cruzeiro, com 5 vitórias, 10 gols feitos e nenhum sofrido, tenta manter a melhor campanha, o que lhe daria a vantagem de fazer os jogos de volta do mata-mata em casa.
O Internacional já garantiu a primeira colocação do Grupo A, mas ainda pode ultrapassar o Cruzeiro e fechar a fase de grupos com a melhor campanha. Nesta terça-feira (7), a equipe do Rio Grande do Sul enfrenta o River Plate (ARG), no Monumental de Núñez, em Buenos Aires. Se vencer, somará 16 pontos e ficará na torcida por derrota do Cruzeiro contra o Emelec (EQU).
Palmeiras e Athletico-PR ainda não garantiram a primeira posição de seus respectivos grupos. O clube alviverde, porém, deve escalar um time misto na quarta-feira (8), quando enfrenta o San Lorenzo no Allianz Parque. Os palmeirenses somam 12 pontos e jogam pelo empate para ficar com a primeira posição.
A situação do Athletico-PR é parecida. A equipe lidera o Grupo G com nove pontos. Nesta última rodada, o adversário será o Boca Juniors, na Bombonera. O clube argentino tem oito pontos e precisa de ao menos o empate para passar ao mata-mata.
Já o Atlético-MG se despede do torneio contra o Zamora, na Venezuela, precisando vencer para ficar com uma vaga na Copa Sul-Americana.