Brasil quer cota para exportar derivados de soja à China
O governo brasileiro vai pedir à China uma cota para a exportação de derivados da soja. O tema está na pauta de encontro bilateral que ocorre nesta quinta (26), no qual o Brasil pedirá também a eliminação de sobretaxas sobre o frango brasileiro para o mercado chinês.
O encontro ocorrerá em Joanesburgo, na África do Sul, onde o presidente Michel Temer chegou na tarde desta quarta (25) para participar da décima cúpula do Brics (bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e o país anfitrião). Temer se encontrará com o presidente chinês, Xi Jinping pela manhã.
Segundo o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, a ideia é pedir uma cota de cinco milhões de toneladas por ano para exportações de farelo e óleo de soja à China. Atualmente, o Brasil exporta cerca de 60 milhões de toneladas de grãos por ano para aquele país, mas não vende derivados.
Em abril, à China anunciou a taxação de soja americana, em retaliação a barreiras criadas pelo governo Trump a produtos chineses. A proposta brasileira tem como objetivo substituir parte da produção dos Estados Unidos.
Maggi disse que, embora as avaliações iniciais indiquem que os produtores brasileiros de soja se beneficiem com a guerra comercial entre China e Estados Unidos, a perspectiva de queda nos preços a partir de excedentes da produção americana pode gerar perdas no longo prazo.
No encontro, o governo vai tentar também convencer os chineses a eliminar sobretaxas sobre o frango brasileiro, impostas no início de julho sob a acusação de dumping. “Não fazemos dumping. Somos muito competitivos”, afirmou Maggi, em entrevista no hotel ontem a comitiva está hospedada.
Desde junho, empresas chinesas que compram carne de frango do Brasil são obrigadas a depositar de 18,8% a 34,4% do valor das exportações.
O Brasil tentará ainda um encontro com o governo russo para discutir embargos à carne de porco brasileira, estabelecidos no fim de 2017. Ainda não há, porém, reunião agendada entre os dois países.
A agenda de Temer em Joanesburgo inclui, além de sessões oficiais da cúpula dos Brics e do encontro com Xi Jinping, uma reunião com o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa.